Cidades

“Sororidade” prepara enfrentamento para combater violência contra mulheres

#Mexeucomumamexeucomtodas. Essa foi uma hashtag criada para formar uma corrente de mobilização contra topo tipo de assédio e violência praticado em desfavor das mulheres. O motivo se deu logo após uma figurinista da emissora da Rede Globo revelar em carta aberta, ter sido assediada e ameaçada pelo ator José Mayer. Este foi apenas um dos milhões de casos envolvendo mulheres no Brasil.

Nesta semana, a 11ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgou os dados reais de crimes praticados com mulheres. Os números são assustadores e coloca Mato Grosso no topo, sendo o 3°da lista entre os estados com a maior taxa de estupros por cada 100 mil habitantes.

Ao todo no ano passado, foram registradas 1.614 ocorrências pela Polícia Civil, isto é, uma média de quase cinco casos por dia, envolvendo todas as faixas etárias de mulheres. Ou seja, crianças, adolescentes, jovens, adultas e até idosas. Esse quadro reflete diretamente nas ações da Segurança, que são criticadas vez ou outra pela sociedade organizada e entidades governamentais, na tentativa de forçar o estado a promover políticas públicas para prevenir esse índice de criminalidade.

Um levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que o termo “sororidade” – criado para unir e formar aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum – atingiu seu maior patamar de popularidade no Google Trends, que mede o volume de pesquisas no buscador, em 12 anos. No Twitter, foram 1.600 menções até o dia 17, quase o dobro do total de março de 2015, quando a palavra foi usada 900 vezes por usuários.

A popularidade repentina está ligada à recente expansão de correntes diversas do feminismo, sugerem estudiosas de gênero. Para elas, o sentimento expresso pelo termo é um instrumento para a conquista da igualdade entre mulheres e homens.

Casos revoltantes

Chama atenção no relatório do Anuário, que a maioria dos agressores são da própria família, conhecidos da família ou simplesmente desconhecidos.

Um caso revoltante e que repercutiu no estado, foi de uma mulher de 26 anos que foi agredida e estuprada ao tentar se jogar da Ponte Sérgio Mota, em Cuiabá. O caso aconteceu no dia 06 de outubro último e gerou revolta em vários movimentos do seguimento feminista.

Segundo informações da Polícia Militar, a viatura em questão estava passando pela região quando foi parada pelo namorado da jovem desesperado com uma carta de despedida nas mãos, deixada pela jovem.

Defensora Rosana Leite Antunes de Barros

Logo após, um motociclista passou pela a equipe e informou ter vista uma moça pedindo socorro, sendo encontrada na sequência em estado de choque. Já o criminoso não foi localizado.

Em outro caso, jovem de 27 anos foi estuprada em sua própria casa por um assaltante. A vítima residia em um condomínio fechado, no Bairro São Francisco, na Capital (MT) e teve a residência invadida quando dormia com a filha pequena.

O homem a obrigou tirar a roupa e praticou o crime por cerca de 10 minutos. Segundo relato da vítima, ele ainda a agrediu com socos e tapas e levou de sua bolsa cerca de R$ 350,00.

Para a coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública e conselheira no Conselho Estadual de Defesa da Mulher Rosana Leite Antunes de Barros, essa realidade se reflete nas denúncias veêm aumentando exorbitantemente.

O estupro é o crime mais subnotificado do mundo. Apenas 10% dos casos chegam ao conhecimento das autoridades. No caso das mulheres, muitas acabam sendo estupradas pelos próprios maridos. Os casos contra as crianças acabam sendo mais comuns porque é uma obrigação moral de uma mãe, de uma professora ou de qualquer um que tomar conhecimento do fato denunciar. No caso da mulher vítima, muitas vezes ela acaba não denunciando por medo ou vergonha”, destaca.

Protesto de Miss viraliza

Também nesta semana, as candidatas ao Miss Peru 2018 fizeram do tradicional concurso de beleza um ato pelo fim da violência de gênero e do feminicídio. Em vez de revelarem as medidas do corpo, as belas citaram os dados de assassinatos e agressões a mulheres no país. O tom político guiou a atração desde o começo, quando as peruanas se apresentaram e, uma a uma, denunciaram os abusos morais e físicos, a exploração sexual, o assédio, entre outros crimes contra a mulher.

De acordo com o Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, a violência contra as mulheres constitui-se em uma das principais formas de violação dos seus direitos humanos, atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à integridade física. Contudo, que ela é estruturante da desigualdade de gênero.

Consta na Lei 11340 de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, que violência de gênero é um conceito mais amplo que o de violência contra a mulher e abrange não apenas as mulheres, que no Brasil é constitutiva das relações de gênero. Violência de gênero, por sua vez, produz-se e reproduz-se nas relações de poder onde se entrelaçam as categorias de gênero, classe, raça/etnia. Expressa uma forma particular da violência global mediatizada pela ordem patriarcal que dá aos homens o direito de dominar e controlar suas mulheres, podendo, para isso, usar a violência.

Saiba onde denunciar

Apesar dessa realidade absurda, a violência doméstica pode e deve ser combatida, principalmente nos seis familiares.

Segundo a Polícia Civil, para denunciar esse tipo de crime, qualquer cidadão pode entrar em contato com a Central de Atendimento ao Cidadão (CAC) pelos telefones (21) 2334-8823, (21) 2334-8835, pelo chat ou ainda pelo Disque Denúncia através do 180, serviço de utilidade pública gratuito e confidencial.

A Central funciona 24 horas, todos os dias da semana, inclusive finais de semana e feriados, e pode ser acionada, ainda, de mais 16 países: Argentina, Bélgica, Espanha, EUA (São Francisco), França, Guiana Francesa, Holanda, Inglaterra, Itália, Luxemburgo, Noruega, Paraguai, Portugal, Suíça, Uruguai e Venezuela.

Em Mato Grosso, os canais de denúncia estão disponíveis em vários municípios, confira a lista.

Cuiabá
Rua Joaquim Murtinho, nº 789, bairro Centro Sul
Telefone: (65) 3901 4277 
E-mail: dmulhercba@pjc.mt.gov.br

Várzea Grande
Avendia Dom Orlando Chaves, s/n, bairro Cristo Rei
Telefone: (65) 3685 1236 / 3685 2838 / 3685 8197
E-mail: ddefmulhervg@pjc.mt.gov.br 

Rondonópolis 
Rua Armando Farjado, 372, bairro Vila Aurora
Telefone: (66) 3423 1133 / 3423 1754 
Email: dmulherroo@pjc.mt.gov.br 

Barra do Garças
Rua Carajás, nº 1156, bairro Centro
Telefone: (66) 3401 1388  
Email: dmulherbg@pjc.mt.gov.br     

Cáceres 
Avenida Getulio Vargas, nº 90, bairro Centro 
Telefone: (65) 3223 5257 / 3223 0348 / 3224 1160
Email: dedmcac@pjc.mt.go.br  

Tangará da Serra
Avenida Brasil esquina com Avenida Vinte e Oito, nº 62E, bairro Centro
Telefone: (65) 3325 3413

Leia mais:

{relacionadas}

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Cidades

Fifa confirma e Valcke não vem ao Brasil no dia 12

 Na visita, Valcke iria a três estádios da Copa: Arena Pernambuco, na segunda-feira, Estádio Nacional Mané Garrincha, na terça, e
Cidades

Brasileiros usam 15 bi de sacolas plásticas por ano

Dar uma destinação adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido prioridade em muitos países.