Fotos: Andréa Lobo / Reprodução Facebook
Ele (a) é seu filho? Muitos casais com grande diferença de idade já passaram por perguntas indiscretas como essa. Mesmo tendo nascido em épocas distintas, essas uniões demonstram o equilíbrio dessa diferença na relação. Cada um com sua peculiaridade, e também a força que adquirem ao passar por dificuldades de aceitação da sociedade, dos amigos, familiares, tudo em nome do amor.
Fabrissio Rondon, de 36 anos, gerente de uma academia, e o marido, Fernando Zenti, 55 anos, consultor comercial, fazem parte de uma relação que começou intensa, há 14 anos, pois em apenas dois meses após terem se conhecido resolveram morar juntos.
“Foi muito natural para mim [em relação a idade], eu não via problema algum. No começo, quem mais se preocupava era ele [Fernando], que já tinha uma bagagem maior, vindo de um relacionamento com dois filhos”, explicou Fabrissio.
Além do companheiro que teve maior dificuldade por conta da idade, os pais de Fabrissio, no início, também se opuseram ao namoro. “Tivemos esse primeiro impacto da não aceitação, eles tinham uma imagem de que eu teria sido influenciado pelo Fernando a ser gay, uma coisa que sempre esteve comigo. Após eu ter me descoberto, tomei a decisão de assumir o relacionamento”, relata.
Fernando conta que esse período complicado com a mãe de Fabrissio durou cerca de três anos, mas que foi superado por um bem comum. “Aos poucos eu fui conquistando. Tudo acabou quando ela percebeu que tínhamos o mesmo sentimento em relação ao Fabrissio, de querer o melhor para ele. Desde então, ela se tornou minha amiga e aliada. Quando saímos pra restaurante, viajamos juntos, ela me apresenta como filho e gosto disso, a minha família é aqui, é a dele”, declarou, dizendo que teve maior facilidade de aceitação por parte de sua família que reside no interior de São Paulo.
A diferença de quase 19 anos entre o casal fez com que os excessos de ambos encontrassem uma medida certa que, como os dois dizem, amadureceu um e rejuvenesceu o outro. “Quando nos conhecemos eu tinha 23 anos e sonhava muito, era imaturo e dava sempre o passo maior do que a perna conseguia alcançar e caia. Ele me ajudou a levantar, me trouxe à realidade, me fez pensar mais, fez com que eu amadurecesse as minhas expectativas”, relata Fabrissio.
“Ele era muito neurótico, sistemático, querendo fazer as coisas certinhas, de chegar na hora. Agora ele é uma pessoa mais tranquila, deixa as coisas acontecerem. Hoje temos os mesmos pensamentos, desejos e anseios. Curtimos tudo juntos, ele tem um espírito jovem. Quando se tem objetivo em comum acho que a diferença de idade é a menor das preocupações”, completa Fabrissio.
Depois te terem encontrado o equilíbrio, Fernando conta que o companheirismo prevaleceu. “Nós fazemos tudo juntos, já fizemos faculdade, cuidamos de casa, academia. Fabrissio não é só o amor da minha vida, ele é meu companheiro mesmo. Quando estou mal ele me abraça. Quando esta precisando, largo tudo e vou até ele para poder dar o apoio que precisa. Então, é amor, companheirismo, amizade. Por isso estou cuidando da minha saúde, porque eu quero viver mais uns 40 anos junto com ele”, descontraiu ao se declarar.
O inesperado
Outro casal, este com 15 anos de diferença de idades, completaram no último dia 4 junho sete anos de relacionamento, ambos jornalistas, Keka Werneck, de 46 anos, hoje é casada com o homem que a admirava desde quando a viu na época em que estudava. Atraído pela inteligência e personalidade forte de Keka, Marcio Camilo, de 29 anos, conta que tudo começou de forma inesperada, no aniversário de uma amiga em comum. “Eu já tinha uma atração por ela, mas acabou rolando a química e aconteceu de ficarmos nesse dia que marcou. Inclusive, a data é a mesma em que casamos no ano passado”.
No início do relacionamento, o casal também encontrou dificuldades na aceitação, principalmente Keka, que nem esperava que o namoro ficasse mais sério. “Não imaginava que ele viesse atrás. Geralmente, homens preferem mulheres mais novas. Me surpreendi, pensei que seria algo que não fosse durar. Me perguntava o motivo dele querer ficar comigo, uma mulher mais velha”, lembra.
Demorou cerca de seis meses para que levassem o relacionamento à família. “Minha mãe ficou preocupada no começo, mas me apoiou”, disse Keka. “Já a minha teve um pouco mais de resistência. Com o tempo, ela viu a mulher que a Keka é, que me ama e cuida de mim e hoje se dão super bem. No ano passado ela me ajudou com a comida para o jantar do Dia dos Namorados que fiz pra Keka, com direito a pétalas de rosas e luz de velas”, conta Camilo.
Keka relata que foi a que mais sentiu o preconceito das pessoas por conta da diferença de idade. “Lembro de dar explicações, ter que justificar o nosso relacionamento. Se é um homem com uma mulher mais nova, não se vê problema, ele é chamado de ‘garanhão’. Agora, a mulher é vista como se estivesse aproveitando da pessoa, uma ninfomaníaca. Elas não pensam que há sentimentos, que têm duas pessoas que se amam”.
A jornalista se recorda dos olhares de julgamento que percebia das pessoas em locais públicos, mas que hoje incomoda menos. “Eu costumava cobrar o respeito do nosso espaço. Não fazemos mal a ninguém. Agora não ligo mais com isso”.
Marcio e Keka tiveram complicações que só fortaleceram a relação. “Tivemos uma gravidez, para mim tardia, e perdi o bebê no sexto mês. Foi inesperado e de risco. Uma fase muito difícil, mas conseguimos juntos superar. Momentos como este definem o posicionamento de cada um, de companheirismo, apoio. Inclusive, situação de um estar trabalhando e outro não e sempre sentar e conversar para achar uma saída e resolver todo e qualquer problema. Conseguimos construir uma relação sólida”, afirma Keka.
O relacionamento do casal, além do amor, é baseado em companheirismo, do qual se orgulham. “Temos muito diálogo, chegamos a um nível de maturidade que a gente resolve todos os problemas conversando, acabamos nos fortalecendo com isso. Muito amor envolvido”, diz Camilo.
Passado esses anos, Keka vê que tudo se encaixa entre eles. “Cada um tem a idade que tem, de acordo com a vivência e experiência que tivemos. Há momentos em que nossa idade demonstra totalmente o contrário. Deixo ele sempre livre para ter as próprias experiências, até mesmo para não ficar como a chata da relação”, pondera.
Contudo, a jornalista afirma que o marido é o seu ponto de equilíbrio. “Ele é muito amável, gentil, educado. Foram essas coisas que me fizeram acreditar que poderia dar certo. Sou uma pessoa de personalidade, de pensar e falar, muito agitada, e o Márcio tem essa coisa calma. Então, eu vou com a minha volúpia e ele vem com a calma. Nós achamos um equilíbrio nisso. Nos costumamos a falar que estaremos juntos enquanto um estiver fazendo o bem para o outro”, finaliza.