Política

Deputado irá requerer oitiva com Zaque após denúncia de grampos

Foto: JLSiqueira/ALMT

O deputado estadual Valdir Barranco (PT) deve apresentar nesta terça-feira (23) um requerimento para a realização da oitiva do ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), o promotor de justiça Mauro Zaque, resonsável pela denúncia da existência de suposta central de interceptações telefônicas ilegais em Mato Grosso.

De acordo com a denúncia investigada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o esquema envolveria membros da Polícia Militar e pessoas do alto escalão do governo Pedro Taques (PSDB). Entre as vítimas da suposta “arapongagem” estariam políticos, advogados e jornalistas que despertaram a inimizade do tucano.

Barranco, que faz parte do bloco de oposição formado pelos deputados Allan Kardec (PT), Zeca Viana (PDT), Janaína Riva (PMDB), Silvano Amaral (PMDB), quer explicações sobre a "arapongagem”, já que o governador nega sua participação e “acusa o promotor Mauro Zaque de estar mentindo”.

“A verdade é que além de ser crime, a 'arapongagem' trouxe prejuízos irreparáveis a pessoas inocentes. Queremos a verdade e a punição dos responsáveis”, afirmou o petista

De acordo com o deputado Barranco, o requerimento conta com o apoio do presidente da Assembleia, Eduardo Botelho (PSB), e do primeiro secretário da Casa, deputado Guilherme Maluf (PSDB).

A denúncia em detalhes

Conforme a denúncia do promotor Mauro Zaque, membros da Polícia Militar aproveitaram uma investigação relacionada ao tráfico de drogas na região de Cáceres (177 km de Cuiabá), para inserir números telefônicos de políticos adversários ao governo, médicos, advogados, jornalistas, servidores públicos e até desembargador aposentado de Mato Grosso, em um pedido de quebra de sigilo.

O requerimento para as interceptações teria sido encaminhado ao MPE, que por sua vez formalizou a solicitação à Justiça estadual. A autorização teria partido do juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, que não teria tido conhecimento de que nem todos os números relacionados pela PM estavam relacionados com o crime tratado no processo.

A prática já é conhecida no mundo da espionagem como “barriga de aluguel”.

As escutas ilegais teriam começado no período das eleições de 2014, quando Silval Barbosa (PMDB) ainda era governador e Taques disputava as eleições. Em 2015, novos nomes foram incluídos nas escutas.

Segundo a denúncia, o esquema de escuta teria o envolvimento direto de pelo menos três policiais militares: os cabos Gerson Luiz Ferreira e Clayton Dorileo Rosa de Barros, e a sargento Andrea Pereira de Moura Cardoso.

Até o momento, o que se sabe é que os contatos supostamente inseridos de forma criminosa foram: a deputada Janaina Riva (PMDB); o advogado eleitoral José do Patrocínio; o jornalista José Marcondes dos Santos “Muvuca”; o atual secretário municipal de Trabalho e Desenvolvimento Humano de Cuiabá, Vinicius Hugueney (PP); o assessor do deputado Wagner Ramos (PR) Eduardo Gomes Silva Filho; o assessor especial da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) Romeu Rodrigues da Silva; a jornalista Larissa Malheiros Batista; Kely Arcanjo Ribeiro Zen, filha do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro; os servidores da Assembleia Legislativa Mario Edmundo Costa Marques e Carlinhos Bergamasco (já falecido); o desembargador aposentado José Ferreira Leite; e a gerente de Inteligência e Contra-Inteligência da Casa Militar, Claudia Rodrigues de Gusmão.

A lista de grampeados é composta, até mesmo, por uma empresária que teria tido um relacionamento amoroso com o ex-secretário-chefe da Casa Civil Paulo Taques, Tatiane Sangalli.

De acordo com Zaque, outros nomes e o número exato de alvos grampeados ilegalmente são ainda incertos.

“Nessa analise preliminar eu não pude pontuar isso [quantidade de grampos]. A partir do momento em que eu identifiquei que havia algo de errado, já encaminhei para tomarem providências. Eu me abstive de praticar qualquer ato de investigação”, declarou.

Acusado de omissão, e sentindo-se atacado em sua honra, Pedro Taques partiu para o contra-ataque e afirmou nunca ter sido comunicado sobre a central de supostas interceptações telefônicas ilegais. Além disso, acusou Mauro Zaque de apresentar ofício com protocolo fraudado à Procuradoria-Geral da República.

De acordo com o tucano, o número do protocolo do ofício apresentado por Zaque é o mesmo de outro ofício protocolado pela Câmara Municipal de Juara solicitando a realização de obras naquele município.

Taques revelou que a única denúncia que chegou ao seu conhecimento, diversa da que veio a público, foi recebida do então secretário Mauro Zaque, no dia 8 de outubro de 2015. Esta foi encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE) no dia 14 daquele mês, e arquivada pelo então coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Marco Aurélio de Castro, no dia 27 de outubro de 2015.

“Como governador, só posso tomar as providências que meu cargo determina, a partir do momento que tenho conhecimento do documento. Como tomar providências se eu não conheço o documento?”, questionou.

Ao refutar qualquer envolvimento no suposto esquema de escutas ilegais, o governador, na sexta-feira (12.05), apresentou representação contra o promotor ao procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, procurador Mauro Curvo – que deve analisar a conduta de Zaque.

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Redação

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