Foto: Ahamad Jarrah/CMT
Após uma grande compra de dólares realizados pela JBS nesta última quarta-feira (17), o senador mato-grossense José Medeiros (PSD) pediu ao Ministério da Fazenda que esclareça algumas informações quanto ao faturamento da empresa com a manobra em meio à crise econômica e as oscilações do mercado de câmbio. O requerimento foi enviado, nesta sexta-feira (19), ao ministro Henrique Meirelles.
A aquisição de dólares realizada pelo grupo JBS levantou questões sobre o faturamento, que seria mais que o suficiente para quitar uma multa fechada no âmbito do acordo de leniência – acordo celebrado com infratores da ordem econômica que colaboram com as investigações. Economistas dizem que a transação teria sido bastante lucrativa tendo em vista a quantidade da compra.
Com toda a situação, o senador se mostrou desconfiado com a “quantidade anormal” da compra de dólares, tendo em vista a especulação “midiática” em que sugere uma suposta ação criminosa em relação ao uso de informação privilegiada para obtenção de vantagem indevida.
Medeiros pede dados sobre os tipos de transações feitas pelo grupo JBS, no mercado financeiro, no dia 17 de maio, com o intuito de saber se foi realizada compra ou venda de moeda estrangeira e, inclusive a forma de pagamento, se à vista ou em mercado de opções – em que são negociados direitos de compra ou venda de um lote de ações, com preços e prazos de exercício preestabelecidos.
Caso a resposta seja positiva, político pediu que o Ministério designasse a diferença entre o valor de compra de moeda estrangeira realizada pelo grupo, com base na variação cambial até o fechamento do mercado no dia 18 de maio. E, por fim, o senador questionou se a moeda poderia ser enquadrada como valor mobiliário, caso confirmado pediu para tipificar a conduta de informação privilegiada.
Segundo a Lei que dispõe sobre o mercado de valores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o uso indevido de informação privilegiada relevante, “não divulgada ao mercado, de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si o para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiros, com valores mobiliários” é crime.
Para esclarecer os fatos, o senador pede as informações.
“Tendo em vista a grande especulação midiática sobre uma suposta ação criminosa no mercado financeiro, necessária a resposta ao presente requerimento a fim de se solucionar os questionamentos apresentados”, requere o senador José Medeiros.
Escândalos da JBS
Após a Operação Carne Fraca, investigação de esquemas de fraude na produção e comercialização de carne, os irmãos Joesley Batista e Wesley Batista, donos do grupo JBS, fizeram revelações comprometedoras, como a do presidente Michel Temer (PMDB) que teria autorizado o pagamento de uma mesada para manter o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro em silêncio e do senador Aécio Neves que teria pedido R$ 2 milhões para ajudar a pagar suas despesas com a defesa na Operação Lava Jato.
Na delação homologada nesta última semana, um vídeo da delação de Wesley, revela um esquema de incentivos fiscais de suas empresas sediadas em Mato Grosso. Em depoimento, ele explica como os frigoríficos eram beneficiados através do pagamento de propina ao ex-governador Silval Barbosa (PMDB), para obter redução de impostos nas empresas sediadas no Estado. Entre as empresas beneficiadas com a mudança do sistema tributário está a JBS.
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