O vídeo registra Graciele chegando em uma caminhonete preta, às 13h57 de sexta-feira (4). Ela para o carro e acena para Edelvânia, que está aguardando na calçada. A madrasta desce com Bernardo e encontra a amiga. Os três seguem até o veículo prata da assistente social. O carro sai e, conforme as investigações da polícia, segue até o local onde o garoto foi morto e enterrado.
Quase duas horas depois, às 15h42, o mesmo veículo prata retorna a Frederico Westphalen. As duas voltam para o posto de combustível. As imagens mostram a madrasta e a amiga conversando, lado a lado por alguns minutos, sem Bernardo. Edelvânia se despede e atravessa para o outro lado da rua. Graciele entra na caminhonete e vai embora.O vídeo foi decisivo para as investigações da Polícia Civil porque mostra a madrasta chegando com Bernardo ao local e retornando sem ele, esclarecendo também a participação de Edelvânia no caso, que dias depois revelou o local onde o garoto foi enterrado.O menino foi encontrado morto no dia 14 de abril, enterrado em um matagal em Frederico Westphalen, a cerca de 80 km de Três Passos, onde morava com o pai, a madrasta e a meia-irmã. Ele estava desaparecido desde 4 de abril.
Prisão preventiva decretada
Nesta terça-feira (13), o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) decretou a prisão preventiva dos três indiciados pela Polícia Civil pela morte o menino Bernardo Boldrini, de 11 anos. O pai Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini e a assistente social Edelvania Wirganovicz continuarão presos.A decisão é do juiz Marcos Luís Agostini, da Comarca de Três Passos, que também levantou o sigilo do processo. Os três estavam em prisão temporária, e o prazo de 30 dias expiraria à meia-noite de quarta-feira (14). Assim, a decisão de Agostini manteve o trio na prisão.
Já Evandro Wirganovicz, irmão da assistente social, cujo carro foi visto próximo ao local onde o corpo foi enterrado um dia antes do assassinato, não foi apontado pela polícia como autor do crime. Ele foi preso temporariamente no último sábado (10) e sua possível participação ainda é investigada.O pedido havia sido feito pela Polícia Civil, e obteve um parecer favorável do Ministério Público. Em seu parecer, a Promotora de Justiça Dinamárcia Maciel numerou três fundamentos: a garantia da ordem pública, a importância para a conveniência da instrução criminal e o risco à aplicação da lei penal.
Por meio da assessoria de imprensa, o MP informou que o órgão deve oferecer denúncias contra os indiciados até sexta-feira (16), antes do prazo legal estabelecido de cinco dias. Na ocasião, a promotora Dinamárcia Maciel vai detalhar o caso em uma entrevista coletiva. O acompanhamento direto da promotora junto à Polícia Civil agilizou os procedimentos da investigação.
Receita é prova do crime, diz polícia
A investigação apontou que Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Ele também auxiliou na compra do remédio Midazolam em comprimidos, fornecendo a receita azul. Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune.A principal prova é o auto da necropsia, a análise toxicológica, que comprova a presença do medicamento Midazolam no corpo do menino. Já as provas documentais, segundo a polícia, comprovam a aquisição de notas fiscais e receituais do remédio, da soda cáustica, além do testemunho da compra das ferramentas. Ao todo, foram colhidos mais de 100 depoimentos, que informam a desarmonia familiar e o descaso do pai e da madrasta com Bernardo.
O inquérito apresenta também interceptações telefônicas indicando acerto entre os autores para que Leandro fosse inocentado, já após a prisão. Outra prova destacada pelas delegadas responsáveis pelo caso é a gravação de um vídeo que mostra as duas suspeitas retornando de Frederico Westphalen, sem Bernardo, e na sequência o descarte de objetos relacionados ao crime.As qualificadoras do homicídio citadas no indiciamento são: "mediante pagamento ou promessa de recompensa, motivo fútil, meio insidioso, dissimulação e recurso que impossibilitou a defesa da vítima", conforme a polícia. Eles também responderão por ocultação de cadáver.
Indiciamentos
Leandro Boldrini: atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Ele também auxiliou na compra do remédio Midazolan em comprimidos, fornecendo a receita azul. Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune.Graciele Ugulini: mentora e executadora do delito de homicídio, bem como da ocultação do cadáver.Edelvânia Wirganovicz: executora do delito de homicídio e da ocultação do cadáver.
G1