Acordar, abrir a janela do quarto, e a paisagem que se emoldura é a bacia do rio Tarumã-Açu, um dos afluentes do rio Negro, no Amazonas. Um mergulho pela água verde do rio antes de começar o dia e, enquanto toma café-da-manhã, se tiver sorte – nem é preciso muita – avistar alguns botos. Além de um gavião, gaivotas e outras pássaros à procura de peixes. Ficar hospedada na Amazônia em um dos únicos hostels flutuantes existentes no mundo é assim, uma experiência única no meio do caos urbano de Manaus.
O Abaré Floating Hostel foi inaugurado este mês e é um alento para a agitada capital do Amazonas, que já soma dois milhões de habitantes e tem uma região tão cheia, movimentada e tumultuada que faz com que você lse embre de São Paulo o tempo todo. Nem vamos falar sobre o calor porque esse judia até dos moradores locais. Parece que nunca ninguém se acostuma com as temperaturas sufocantes por aqui.
Localizado a 15 minutos de carro do aeroporto Eduardo Gomes e mais alguns minutinhos de barco, o hostel possui estrutura de flutuação, como se fosse uma balsa metálica. São três quartos coletivos, cada um com 12 camas, sendo que todas com luz de leitura individual e cortina. As diárias são a partir de R$ 60. Também tem cinco suítes privativas, cada uma com uma beliche de casal. A diária para duas pessoas, por duas noites – não é possível reservar só uma – sai por R$ 300. Todos os quartos estão equipados com ar-condicionado.
Apesar de ter sido inaugurado agora, o nome Abaré já é muito conhecido dentro e fora de Manaus. É que desde 2014 já funciona no local um restaurante flutuante que está entre os cinco melhores da cidade, de acordo com o Trip Advisor. Além do cardápio, o local é ponto certo para apreciadores de música.
Pode ser que o dia comece com The Doors. Pode ser que comece com Bob Marley. Pode ser que seja o Tim Maia quem apareça para animar a manhã. Ou os Beatles. Ou Ray Charles. Tudo depende do humor de quem tem a playlist nas mãos. E como no Abaré todos estão sempre com o humor nas alturas, a faixa musical nunca será um problema. Mais um acalento ao caos.
O hostel está numa estrutura anexa ao restaurante e é lá que os hóspedes tomam o café-da-manhã, que está incluso na diária. Para quem quer tranquilidade, tem tranquilidade. E para quem gosta de festa e badalação, tem também. Então, para quem é da noite, ou para quem não é, importante ficar atento ao calendário de eventos do Abaré, pois o lugar está no circuito nacional das festas eletrônicas.
A história do Abaré começou quando o Diogo, 38, e a Graziela, 34, resolveram sair do ramo de operadora de turismo porque queriam ter um lugar para aluguel de pranchas de Stand Up Paddle e um pequeno restaurante parareunir em um só local música, sustentabilidade, gastronomia e impulsionar o desenvolvimento regional.
Casados há 11 anos, eles moram numa casa flutuante, que também fica na mesma estrutura do Abaré, com os dois filhos e o cachorro Ozzy, um labrador famoso que quando aparece na foto garante milhares de curtidas. Quando ele sobe nas pranchas e sai pelo rio com os remadores o número de curtidas duplica.
Diogo nasceu em Goiânia e foi criado no Rio de Janeiro, e a Graziela é de Piracicaba, cidade onde se conheceram. Eles estão em Manaus há doze anos e já trabalhavam com turismo antes do Abaré, mas o objetivo sempre foi atuar com hospedagem.
Abaré, que na língua ameríndia Aruak significa amigo, é mesmo um lugar onde você chega pela primeira vez e já é tratado como se tudo fosse um esperado encontro de pessoas que estudaram juntas na infância e seguiram caminhos diferentes até aquele dia. Mas só até aquele dia.
Fonte: Estadão