O mesmo valerá para as cidades que, apesar de não serem sedes da Copa, possuem CTs (Centros de Treinamento) da Fifa e servirão de base para as seleções estrangeiras. De acordo com portaria do Ministério da Justiça publicada na semana passada no Diário Oficial da União, fica regulamentada a estrutura do Sistema Integrado de Comando e Controle para a Copa, e nela a presença das forças de segurança estrangeiras.
De acordo com a portaria do governo, os policiais estrangeiros nas ruas irão trabalhar identificados como tais e terão uma autorização específica da PF para isso. Apesar disso, questionado pela reportagem, o Ministério da Justiça afirma, por meio de sua assessoria de imprensa, que os policiais estrangeiros não terão poder de polícia no Brasil e nem poderão andar armados.
A estrutura centralizará em uma "sala de crise" informações, imagens e representantes das diversas esferas governamentais envolvidas na segurança da Copa — Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal, Forças Armadas, Defesa Civil e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), por exemplo — para acompanhamento da movimentação dos torcedores nas cidades durante a competição da Fifa e agilizar uma eventual tomada de decisões em caso de emergência. Haverá um centro de controle desses em cada uma das 12 cidades-sede, além de um centro nacional localizado em Brasília.
Dentro disso, foi criado o Centro de Cooperação Policial Internacional. Nele, uma equipe sediada em Brasília será responsável por dar apoio às equipes de polícia estrangeira espalhadas pelo país. A integração e comunicação com a Interpol e banco de dados de passaportes da Polícia Federal também estão previstos nesta operação, assim como canais diretos abertos com departamentos de polícia dos países que têm seleções participando da Copa.
Cada país participante da Copa recebeu o convite para enviar sete policiais para ajudar no Mundial. Assim, devem trabalhar no evento 224 policiais estrangeiros. "Eles atuarão como representantes do seu país no Centro, em Brasília e também acompanharão a partida dos seus países de dentro do estádio, auxiliando a interlocução dos órgãos de segurança pública e as torcidas", diz a nota do Ministério da Justiça. O custo da operação é bancado pelo governo.
Barras Bravas
Qualquer ocorrência envolvendo torcedores estrangeiros deverá ser comunicada aos policiais de seu país na cidade em que estiverem e enviada para o centro de cooperação policial internacional, que cuidará do caso. O Ministério da Justiça não informou se o procedimento jurídico envolvendo torcedores estrangeiros será diferente em relação ao adotado com os cidadãos brasileiros.
Uma das maiores preocupações das forças de segurança nacionais neste quesito é em relação aos chamados "barras-bravas", torcedores argentinos conhecidos por ações violentas e brigas com outras torcidas. No dia 12 de março o jornal argentino "La Nacion" publicou que o governo brasileiro havia pedido informações ao governo da Argentina sobre estes torcedores. É esperada uma grande aglomeração deles em Porto Alegre, cidade relativamente próxima à fronteira argentina.
O Brasil teria pedido uma lista de "barras bravas" com pendências judiciais ou proibidos de entrar nos estádios do país vizinho. Eles já provocaram incidentes na última Copa do Mundo na África do Sul, em 2010, quando foi registrada a morte de um torcedor argentino e a deportação de outros 29. Uma operação conjunta entre os dois países nas fronteiras também está prevista para impedir a entrada ilegal de possíveis arruaceiros.
Está prevista a checagem e compartilhamento das listas de passageiros de voos vindos de países com risco de mandarem para cá torcedores violentos, como os "hooligans" ingleses. Estes "grupos de risco" devem receber atenção redobrada, tanto das polícias estrangeiras em atuação no país como das brasileiras.
UOL