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TJ decide se pai congelado por filha após morte em 2012 será enterrado

 
Nesta quarta, cinco desembargadores do TJ vão julgar os embargos infringentes, recursos impetrados pela defesa de Denise e Carmem Monteiro contra a decisão da junho de 2012, que autorizou o envio do corpo do engenheiro para os Estados Unidos. Congelado com o uso da técnica conhecida como criogenia, que utiliza nitrogênio líquido para resfriá-lo e preservá-lo, o corpo está nos EUA há dois anos.A advogada Renata Mansur, que representa Lígia, disse que o julgamento desta quarta deverá discutir a vontade do engenheiro em ser congelado após a morte. Ele não deixou documento por escrito explicando a decisão por desconhecimento jurídico, segundo a advogada. No entanto, explica que prevalece a prova testemunhal da filha Lígia, que viveu com ele durante 34 anos.
 
As outras duas filhas moram no Rio Grande do Sul e, por isso, segundo a advogada, não sabiam do desejo do pai de ser congelado. "Se não existe nada por escrito e se as irmãs mais velhas não conviviam com ele, vale o testemunho da filha que vivia ao lado do pai", disse Renata.Para o advogado Rodrigo Marinho Crespo, que defende as irmãs mais velhas, o julgamento é decisivo. Ele disse que espera ganhar e conseguir expatriar o corpo do engenheiro para a realização do enterro no Brasil. No entanto, Crespo reconhece que a batalha judicial poderá continuar já que ainda cabem recursos em instâncias superiores. 
 
Esperança de trazer o pai de volta
Na época da divulgação do caso, o Fantástico ouviu Lígia Cristina, do segundo casamento de Luiz Felipe. Como o pai, Ligia acredita que com o avanço da ciência será possível trazê-lo de volta à vida em algumas décadas.Já pensou ter a oportunidade de, daqui a 30 ou 40 anos, poder rever meu pai?, indaga Ligia.Não tem provas de que isso pode acontecer, mas é um sonho, complementa. 
 
Mas as irmãs Carmen Sílvia Monteiro Trois e Denise Nazaré Bastos Monteiro, do primeiro casamento, não concordaram com o congelamento, realizado por uma empresa da cidade de Detroit e entraram com um processo contra Lígia, exigindo o sepultamento de Luiz Felippe no jazigo da família, em um cemitério de Canoas (RS), onde vivem.As irmãs que moram no Sul falaram que o congelamento do pai era um absurdo, conta Crespo.O advogado explica que, segundo elas, "nunca o pai manifestou qualquer vontade em ser congelado e ressalta não haver qualquer prova, em momento algum, que esse senhor queria ser congelado nos EUA. As próprias irmãs declararam que, se soubessem desse desejo, fariam o congelamento. Mas elas não tinham qualquer conhecimento disso, acrescenta.
 
Antes da decisão judicial permitir o envio do corpo do pai para os Estados Unidos, ele toi mantido numa funerária de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. Na época, Lígia disse que arcava com as despesas para mantê-lo preservado. Segundo ela, pagava R$ 500 para a funerária po dia e comprava R$ 360 de gelo seco. "Já gastei minhas economias da vida toda, contou ela. 
 
Relacionamento entre irmãs era pequeno
Ligia explica que, após a separação do pai da primeira esposa, houve um distanciamento entre ele e as filhas do primeiro casamento. Por isso, afirma que as irmãs não sabiam do desejo de o pai ser congelado.Ele se separou da mãe delas há 34 anos e conheceu minha mãe. Logo depois eu nasci. Minha mãe faleceu de câncer quando eu tinha 7 anos, e continuei morando com meu pai, recorda a irmã mais nova.Com 19 anos, fui conhecer a Carmen e, mais tarde, a Denise. Nosso contato era muito pequeno, mínimo, quase zero. A gente nunca se deu bem, acrescenta.
 
Entretanto, Ligia afirma que, em 2009, mandou um e-mail para as irmãs do Sul, pedindo a opinião delas sobre a possibilidade de o corpo do pai ser submetido a uma criogenia.Reenviei esse e-mail a minhas irmãs para comprovar minha boa fé, conta ela.Tenho esse e-mail guardado até hoje, complementa.O advogado das irmãs mais velhas comenta que elas não entendem a postura de Ligia.A gente se pergunta: por que essa insistência?, conta Crespo.Eu achava que ninguém ia ser contra. Elas foram contra o congelamento por uma revanche contra mim, por briguinha boba, acredita Ligia. Na ação, elas ainda estão pedindo danos morais. Ou seja: ainda querem lucrar com essa história, critica Ligia.
 
G1

Redação

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