Esportes

Taxistas de Cuiabá fazem ‘intensivão’ de inglês para trabalhar na Copa

A apenas sete dias da primeira partida na capital mato-grossense, os taxistas tiveram dois dias de aulas sobre os rudimentos do idioma para conseguirem manter a mínima comunicação com visitantes de outros países em uma cidade sem tradição no turismo internacional.

A iniciativa partiu de um professor intercambista da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o novaiorquino Armen Kassabian, há cinco meses no Brasil. Segundo ele, a idéia surgiu diante da visível falta de preparo dos cerca de 1.400 profissionais da Grande Cuiabá em se comunicar com estrangeiros – e também devido à ausência de qualquer atividade preparatória em andamento para eles (o único curso de que se tem notícia até o momento foi cancelado por falta de interesse).

Como não havia iniciativa por parte do poder público, Kassabian disse que, em cima da hora, o intuito foi montar um curso para dar aos taxistas interessados o conhecimento mais básico do idioma, estimulando-os sempre a usá-lo combinado a gestos e improviso na interação com estrangeiros.

“Você não precisa falar um inglês 100% para se comunicar. Essa aula é mais para mostrar que você pode se comunicar falando 30%, 40% de inglês. E 40% são mais do que zero”, defendeu o intercambista.

'Cuiabá is hot'
Entre os dois dias programados (quarta e quinta-feira), de 40 a 45 profissionais passaram pelo campus da UFMT para assistir ao intensivão.

Nas aulas, nada de decorar pronomes pessoais ou entender a conjugação do verbo to be – os taxistas foram levados a memorizar e pronunciar termos, frases e expressões de uso rotineiro ao volante, tanto para facilitar o trabalho quanto para tentar uma interação com o turista: “What's your destination?”; “airport”; “good evening”; “restaurant”; “traffic jam”; “thank you”; “hotel”; “you're welcome”; “Cuiabá is hot”; “typical food”; “here's my card”, etc.

Depois de tentar repetir os fonemas uns aos outros, os alunos também aprenderam como dizer os números para lidar melhor com o dinheiro. Cada um recebeu um pendrive com as principais expressões gravadas para ouvirem o áudio dentro do carro e reforçarem a memorização.

Durante o curso, o incentivo do professor foi claro: os que se interessaram por aprender o mínimo, mesmo que de última hora, são uma minoria entre os profissionais da cidade e, à medida em que conseguiram manter uma comunicação eficiente com os turistas e distribuírem seus cartões, serão novamente requisitados por eles ao longo da Copa. Por isso o professor insistia durante as aulas: “Repitam: here's my card!”.

Para muitos, como o taxista Yoshinobu Yamasaki, de 67 anos, o curso de dois dias na UFMT foi o primeiro contato com o idioma. De ascendência japonesa, desde a década de 80 ele trabalha nas ruas de Cuiabá e jamais estudou inglês. “Japonês é muito mais fácil”, comparou.

 Já o taxista Adão José de Oliveira, 49 anos, disse lembrar vagamente do que aprendeu na escola durante a infância.

“Lembro só de Kelvin, Fahrenheit, essas coisas”, brincou, explicando que a falta de convivência com estrangeiros em Cuiabá acaba deixando os taxistas pouco preparados para este momento da Copa.

Por sua vez, o taxista Bruno Santos, de 28 anos, lamentou não ter se preparado com mais antecedência e acabou desistindo do segundo dia de aula na UFMT. No primeiro, disse que teve uma boa experiência, “mas é muita informação para você pegar. Tem coisa que não entra na cabeça. E eles falam muito embolado. Aí, eu uso o tradutor do Google”, comentou, mostrando o serviço online no smartphone.

Despreparo
Na opinião do vice-presidente do Sindicato dos Taxistas local (Sintax), Adailton Lutz Leite Bispo, o despreparo da maioria dos motoristas de táxi na Grande Cuiabá produzirá “uma vergonha na cidade”.

Segundo ele, praticamente não há profissionais que dominem inglês ou espanhol na região metropolitana – e poucos se interessaram por se qualificar quando o sindicato, em parceria com o Serviço Nacional do Comércio (Senac), tentou oferecer um curso gratuito ainda no ano passado e teve de desistir da atividade por falta de alunos matriculados.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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