Desde que comandou o desembarque do PSD do governo do Estado e deixou a vice-governadoria, Carlos Fávaro não tem medido esforços para apontar erros da gestão Pedro Taques (PSDB). Em entrevista nesta quarta-feira (25), o candidato ao Senado classificou o governo como “mau gestor” e chegou a afirmar que o atual chefe do Executivo estadual “quebrou o governo”.
Em entrevista à rádio Capital FM na quarta-feira (25), o ex-vice-governador Carlos Fávaro comentou sobre um manifesto lançado à população, assinado por ele e outros 30 ex-apoiadores do governo Pedro Taques.
De acordo com o candidato, na virada deste ano, Taques deverá entregar a gestão em situação pior do que quando assumiu. Segundo o candidato, o ex-governador Silval Barbosa entregou um governo em situação difícil, com dívida de R$800 milhões. No entanto, o valor deve ser quase cinco vezes menor do que a dívida que Pedro Taques passará ao sucessor.
“Há uma situação de extrema dificuldade. O estado de mato grosso tinha restos a pagar de R$ 800 mi quando assumimos o governo em 2015. Hoje tem restos de R$3 bilhões, uns dizem que vai chegar a R$4 bilhões no final do ano”, destacou.
O ex-vice-governador também pontuou sobre a dificuldade econômica com a qual poderá se encontrar o futuro chefe do Executivo, considerando que, nesta gestão, a nota de Mato Grosso foi rebaixada pelos órgãos avaliadores de crédito de B para C, o que impossibilita o governo de assumir novos empréstimos.
Sem passar batido, os atrasos em repasses para órgãos ligados ao governo e demais poderes também foi pauta para Fávaro criticar o governo. Ele destacou que Mato Grosso é, hoje, “um estado que tem sua economia pujante, mas que não honra seus compromissos com fornecedores”. Ele citou que a pasta de Saúde ficou mais de 5, 6 meses com repasses atrasados. “Um estado que não repassava os valores dos poderes em dia é um estado quebrado, que falta autoridade. É má gestão”.
Manifesto
Na tarde de terça-feira (24), Carlos Fávaro e outros 30 ex-apoiadores de Taques assinaram um manifesto no qual explicam porque não apoiam a reeleição do governador. Entre os motivos citaram questões administrativas e políticas. Em trecho do documento, afirmam que o governo “deixou de fazer reformas administrativa e tributária prometidas durante a campanha, provocando o caos na gestão, inibindo novos investimentos no Estado e a geração de empregos”.
Segundo Fávaro, o documento foi construído “com tristeza”, já que, sendo parte da gestão, ele “queria que Mato Grosso desse certo” e que “a administração estivesse entregando os resultados e compromissos firmados em 2014”. Segundo ele, o manifesto representa a decepção de todos os apoiadores frente às ações de Pedro Taques.
“Você pode observar que todas as assinaturas são de pessoas que sonharam, se empolgaram, trabalharam para que mato grosso tivesse um governo que fosse proativo, que resolvesse os principais gargalos dos mato-grossenses. E chegado a hora de discutir uma eleição, em 2018, ter que redigir um documento como esse, ter que apresentar as insatisfações, foi motivo de muita tristeza, para mim pessoalmente”, disse.
Fávaro, que deixou o governo há menos de 30 dias, entregando carta de renúncia no dia 5 de abril, no entanto, não considera que fez parte da “má administração” a qual critica. Segundo disse em entrevista, ele acredita que “cumpriu seu papel constitucional”.
“Eu com Pedro sempre pontuei minhas divergências, minhas opiniões. Cumpri meu papel constitucional, sim, com ele, com alguns secretários, mas principalmente com ele. Mas, assim, ele é o governador. Eu tive que me comportar como vice”, finalizou.
Criticado no parlamento
A postura de forte oposição adotada por Fávaro após saída do governo é motivo de duras críticas de parlamentares e políticos. Um dos que se manifestaram foi o deputado estadual Max Russi, que também pertencia ao primeiro escalão do governo do Estado até a primeira semana de abril, quando encerrou a janela partidária.
Na tribuna da Assembleia Legislativa, Russi não poupou críticas à Fávaro e comentou que muitos políticos, como o ex-vice-governador, teriam apenas se aproveitado do Governo até quando puderam e, no último momento, mudaram de situação. Ele chegou a comparar a situação como uma laranja.
“É como pegar uma laranja: você suga até o bagaço, depois descarta e não serve mais”, comentou. “Quer dizer, durante todo esse tempo o governo era uma maravilha, mas agora que se aproxima o processo eleitoral os interesses são outros. Aí o que prestava ontem já não presta mais”, finalizou, acusando o ex-vice-governador de ter usado o governo para autopromoção.
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