Marlucia foi presa na sua residência, em uma comunidade conhecida como Lixão. De acordo com a delegada titular da Deam, Cristina Bento, a polícia soube do caso através dos vizinhos, que sentiram mau cheiro e invadiram a casa de Marlucia.
"Os vizinhos não sabiam da existência dessa criança. Eles entraram na casa e se depararam com a jovem naquele estado e sozinha, porque a mãe não estava em casa. Eles levaram Daiana para o Hospital Moacir do Carmo. Quando a Marlucia voltou para casa, as pessoas tentaram lichá-la. Ela teve que ser trazida direto para delegacia de táxi", contou.
Vítima corre risco de morrer
A delegada disse ainda que, segundo os médicos, Daiana corre risco de morrer. A jovem teve uma parada respiratória na manhã desta quarta e está em um quarto vermelho no hospital. Ela pesa em torno de 25 kg.
"A gente aqui da delegacia viu um ser humano em uma situação desumana. Ficamos todos chocados com essa história. Essa mãe é forte, vaidosa, nova, tem só 42 anos. Morava numa comunidade e em uma casa modesta, mas poderia cuidar dessa menina. Vamos apurar agora o que ela pretendia com esse cárcere privado. Era torturar, matar?", afirmou.
Pensão
Em depoimento, Marlúcia disse que recebia uma pensão do governo de R$ 150 para ajudar nas despesas da menina e uma pensão do pai da jovem, de R$ 100. A mulher falou também que trocava os curativos da jovem de dois em dois dias e que chegou a levar Daiana em uma UPA, mas foi liberada pelos médicos. A delegada, no entanto, acha que essa versão da mulher é fantasiosa.
"Nenhum médico liberaria essa menina no estado em que ela se encontrava. Eu não acredito que ela tenha ido até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Essa menina não saía de casa nunca. A Marlúcia disse que esse pai mora na comunidade, dava esse dinheiro, mas não via a filha há 5 anos. Ele será chamado para depor e se for comprovado que ele sabia o que se passava naquela casa, ele responderá por isso", disse.
Marlúcia responderá pelo crime presa e a delegada afirmou que pedirá a prisão preventiva. Ela responderá por cárcere privado e maus tratos e pode pegar até oito anos de prisão. A madrinha de Daiana, que cuidava da jovem quando Marlúcia se ausentava, disse que não pediu socorro por medo.
"Eu moro em comunidade, fiquei com medo que achassem que eu era informante. A Daiana até três anos era uma menina normal. De repente uma febre a deixou assim. Ela parou de falar e vivia em casa. Eu percebia que a Marlúcia não cuidava dela, porque eu trocava a fralda dela e quando voltava na casa, dois ou três dias depois, ela continuava com a mesma, toda suja de fezes. De um mês pra cá ela piorou muito. Os vizinhos nem sabiam que a Marlúcia tinha filha", disse a auxiliar de serviços Kelly de Oliveira, que segundo a delegada Cristina Bento, pode responder por omissão de socorro.
G1