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Por Exame.com
São Paulo – De acordo com Marcelo Carvalho, economista-chefe do BNP Paribas para América Latina, o Brasil não tem como escapar de uma reforma da Previdência.
“Se não vier agora, nesse governo, não tem como escapar no próximo governo”, disse ele em coletiva online realizada na manhã desta quarta-feira (07).
Marcelo avalia que “não há clima” para votar a proposta imediatamente, mas é possível avançar e talvez conseguir uma aprovação até o 3º trimestre.
A partir daí, o debate estará contaminado pela eleição de 2018. Ele prevê dispersão e renovação de candidatos, mas nota que isto ainda não está”formando preço” no mercado.
No curto prazo, sua previsão é que haja uma “solução ordenada” para a crise política disparada pela delação de executivos da JBS e que enfraqueceu o presidente Michel Temer.
“Importa pouco para o mercado financeiro o nome específico de quem esta no governo e sim a politica econômica (…) esse comprometimento com as reformas deve continuar independente de quem estiver sentado naquela cadeira”.
Depois do 1% de crescimento do PIB no 1º trimestre em relação ao anterior, a previsão do BNP Paribas é que a taxa do 2º trimestre seja próxima de zero, um pouco positiva ou um pouco negativa.
Isso porque haveria um “rebalanceamento dos motores do crescimento”: a contribuição excepcional da agricultura não vai se repetir, mas indústria e serviços devem ajudar mais.
O ano fecharia com uma “recuperação moderada” do crescimento: 0,5% contra uma previsão anterior de 1%.
Para os 14 milhões de desempregados brasileiros, as notícias só devem melhorar mais para o final do ano:
“O mercado de trabalho reage com uma defasagem maior ao que acontece na economia. Quando a economia volta a crescer, leva um tempo para as empresas se animarem a contratar”, diz Marcelo.
Dólar e juros
A previsão do banco é que o dólar feche 2017 em 3 reais, mais otimista do que o consenso de mercado (R$ 3,17 segundo o último Boletim Focus).
“É compreensível que o câmbio esteja menos volátil porque muita coisa mudou para melhor de um ano para cá no Brasil”, diz Marcelo.
Ele também é mais otimista do que o mercado em relação aos juros, prevendo 8% no final de 2017 e 7% no final de 2018 (contra 8,5% nos dois momentos, segundo o Focus).
O Banco Central divulgou ontem a ata da última reunião afirmando que pode reduzir o ritmo de corte de juros diante da crise política e incerteza de andamento das reformas.
Mas a inflação já está rodando abaixo da meta de 4,5%; o próximo sinal virá na sexta-feira (09) com a divulgação do IPCA de maio.
Pesa também um ambiente global favorável para os emergentes, e para o Brasil em particular, de crescimento mais alto com inflação sob controle:
“O Brasil continua muito atraente para o investidor estrangeiro, especialmente no longo prazo”, diz Marcelo.