Foto: Arquivo CMT
O ex-governador Silval Barbosa (PMDB), preso acusado de liderar um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, desisitiu do novo interrogatório, referente a ação principal da Operação Sodoma, que estava prevista para ser realizada na próxima terça-feira (13).
Silval está preso desde setembro de 2015 no Centro de Custódia da Capital (CCC). Em fevereiro de 2016, ele foi ouvido pela juíza Selma Arruda, responsável pelos processos em que é réu na Vara Contra o Crime Organizado.
Segundo a defesa do ex-governador, representada pelo advogado Délio Fortes Lins e Silva Júnior, a desistência se deve ao fato de o político já ter depoimento marcado para o dia 5 de julho, na ação penal derivada da quarta fase da mesma operção.
A expectativa é de que Silval cumpra o prometido, de assumir sua responsábilidade em alguns crimes investigados em toda a operação.
“Nós desistimos, porque já tem outro [depoimento] marcado para julho. Com a análise de todos os processos em conjunto, achamos desnecessário ter esse em junho, POIS ele já foi interrogado e não queremos atrapalhar mais ainda o andamento do processo", explicou o advogado ao Circuito Mato Grosso.
Com todas as especulações acerca de um possível acordo de colaboração firmado por Silval Barbosa, o advogado negou veementemente tais delações.
“É uma questão de estratégia de defesa. Não tem nada a ver com delação premiada. Não existe delação premida, não existe nenhum acordo”, enfatizou dizendo que o ex-governador não irá voltar atrás em fazer suas “confissões pontuais”.
1º interrogatório
Quando foi interrogado pela primeira vez, no dia 23 de fevereiro de 2016, Silval negou que tenha fugido no dia da deflagração da Operação Sodoma, em setembro de 2015.
Ele disse que não se entregou imediatamente às autoridades, pois a Defaz, segundo ele, queria "fazer um troféu com a minha cabeça".
"Não fugi, segui a orientação dos meus advogados. Eles [Defaz] queriam que eu estivesse ali na Assembleia, para fazer um troféu com a minha cabeça", declarou Silval que, na mesma data da operação, iria depor na CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal da Assembleia.
O ex-governador também negou estar envolvido no esquema e defendeu que o decreto assinado por ele – que concedeu incentivos fiscais às empresas do delator João Batista Rosa e assegurou uma vistoria que nunca foi feita – estava dentro da legalidade.
A medida, segundo ele, seguiu a determinação de uma lei estadual, formulada após a movimentação dos próprios empresários e entidades, que temiam que "a Reforma Tributária fosse aprovada e não fosse contemplada a questão dos incentivos".
Principais investigações
Das cinco ações derivadas da Sodoma, três mantém o ex-governador preso, na fase 3, 4 e 5. Na 1ª fase da Sodoma, Silval é acusado de cobrar R$ 2 milhões em propina para concessão de incentivos fiscais.
Na segunda fase, o ex-governador é acusado de ter encabeçado uma fraude na compra de um terreno avaliado em R$ 13 milhões, comprado com dinheiro de propina. Com isso, a 3ª fase aprofundou a investigação e identificou o esquema em que agentes públicos recebiam propina para conseguir contratos com o Executivo estadual.
A 4ª fase da operação revelou irregularidades na desapropriação do terreno comprado por R$ 37,7 milhões, no bairro Jardim Liberdade. Na quinta fase a operação investiga o suposto desvio de R$ 8,1 milhões em troca da concessão de contratos e de compras fraudulentas de combustível.
Além da Sodoma, Silval também é investigado pela Operação Seven, acusado de ter transformado um parque estadual em unidade de conservação ecológica para dar legalidade a um esquema que desviou R$ 7 milhões dos cofres públicos do Estado.
Na Justiça Federal, o ex-governador também foi alvo de investigação por crimes de lavagem de dinheiro na Operação Ararath e em uma ação do Ministério Público Federal (MPF) por irregularidades na escolha do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) como o modal de transporte da Grande Cuiabá, para o Copa do Mundo de 2014, na qual teriam sido desviados cerca de R$ 541 milhões.
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