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Servidores ‘proíbem’ moradores de morrer em feriado e fins de semana

Funcionários públicos que atuam em cemitério vetaram; enterros aos fins de semana (Foto: G1)

A população de Eldorado, no interior de São Paulo, está proibida de morrer aos fins de semana ou durante feriados. Isso se depender dos servidores públicos que atuam na zeladoria do Cemitério Municipal da cidade. Sem receber as horas extras por causa do trabalho fora dos dias úteis, um dos dois funcionários do cemitério foi além e resolveu fazer um alerta à população por meio de um aviso.

"População de Eldorado: Venho informar que, por conta do não pagamento das horas extras, não vamos mais fazer sepultamentos em feriados e fins de semana. Como ninguém sabe quando vai morrer, eu e meu colega teríamos que ficar presos, sem viajar, aos fins de semana, a pedido da nova administração. O que nos resta é pedir a todos que deixem para morrer de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Obrigado pela atenção".

Willian Almeida, de 36 anos, é servidor público de Eldorado há mais de 10 anos. Atualmente, ele ocupa o cargo de zelador do cemitério da cidade e foi o responsável pelo alerta. "Somos dois funcionários. Cada um fica um fim de semana sem receber. Eles alegam que estão com muitas dívidas. Trabalho e não recebo. O chefe do gabinete já disse que não vai pagar. Não vamos ficar de plantão, à disposição da Prefeitura, sem ganhar", desabafa.

De acordo com Almeida, a população entendeu o aviso e não demonstrou estar chateada com a situação, já que o problema das horas extras afeta também servidores de outras áreas. "A cidade inteira está indignada. Esse problema afetou todo mundo. O meu aviso foi justamente para a população saber. Se alguém morrer fim de semana não estaremos lá. A Prefeitura vai ter que se virar para fazer o enterro. Não vou enterrar ninguém enquanto não receber o dinheiro da Prefeitura", afirma.

Mais do que não trabalhar durante os fins de semana e feriados, os trabalhadores criticam as condições que possuem para enterrar os moradores da cidade com o mínimo de dignidade. "Tudo nesse cemitério é precário. Não existe nem um pouco de estrutura. O local é extremamente fedido e isso afeta a população. Os vizinhos reclamam muito do cheiro. É insuportável. Se não me pagarem não tem mais enterro. Essa cidade está um poço sem fundo", lamenta.

Outro lado
O G1 conversou com Juliano Pereira, diretor jurídico de Eldorado. De acordo com ele, a cidade estava um caos quando foi assumida pela atual gestão e, agora, passa por uma reestruturação completa para que os serviços básicos voltem a funcionar.

"Vamos pagar as horas extras realizadas que sejam condizentes com a extraordinariedade dos serviços. Existe um sistema de escala que estamos implantando. Um vai trabalhar de segunda a sexta e, o outro, de sábado a quarta-feira. As horas que forem justificadas serão pagas", diz.

Fonte: G1

Redação

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