As partes frontais das Lojas Maçônicas geralmente são um texto filosófico de forma simbólica para a rápida leitura daqueles que passam em sua frente. Um dos símbolos que mais me deixa reflexivo quando vejo é o par de pedras que algumas lojas ostentam em sua fachada: uma lapidada e outra rolada.
As pedras representam aquilo que outras correntes, como, por exemplo, o catolicismo, também manifestam através de outros símbolos: a necessidade do trabalho interno e pessoal no intuito de nos tornarmos novos homens e novas mulheres com a missão de fazer a diferença na sociedade em que vivemos. Em algum momento da vida nos enxergamos como aquilo que somos: a pedra crua, rolada, imperfeita e despida de beleza que ao longo do caminho se estaciona assumindo para si a calma e a tranquilidade como missões de vida, obstante, esse enxergar-se não possui o mesmo resultado para outras pessoas que ao se verem dessa forma enxergam a necessidade de se trabalharem para que da imperfeição nasça a beleza perfeita e da tranquilidade surjam o socorro e a ação do trabalho pessoal e fraterno. Uns chegam onde estão se mantendo como são, já outros buscam o seu lugar permitindo serem trabalhados, renovados, sem titubear frente à dor do trabalho do aperfeiçoamento.
Esta semana nos traz, de forma ritualística, bíblica e fática, momentos poderosos de reflexão. Em nossa memória existe a história de um homem que, descobrindo sua missão, não temeu nem tampouco esmoreceu na hora de cumpri-la e realizá-la. Alguns acreditam que ele não teria como fugir daquilo a que foi condenado, já eu acredito que aquilo foi resultado de sua escolha, ele muito bem poderia não se submeter às situações por que passou, teve oportunidades até o fim de negar sua missão e dizer não à realização de uma história que vence o tempo e os homens, obstante, cônscio de sua missão, de seu papel e sobretudo aceitando passar pelo trabalho que transformaria a pedra bruta em rocha perfeita, se rendeu com poder e autoridade ao seu papel, missão e trabalho. Seu exemplo perdura e continua sendo um modelo ao nosso tempo de que é possível sim enfrentar o temor e o receio em busca de um ideal, de uma fé, de um desejo.
Ao vermos as propagandas da Páscoa, as celebrações litúrgicas, as pregações dos missionários, as preces dos homens de fé, não podemos nos esquecer de que a origem disso tudo teve seu ponto sobre um homem pobre, sem recursos, sem amigos e sem renda financeira. A origem disso tudo se baseou em um quase mendigo que com suas palavras agitava sua sociedade e sem se preocupar com a ausência da cama ou da refeição certa dava o exemplo de que do Alto nunca nos falta o amparo. Devemos nos lembrar que ele viveu, vive e viverá, como tantos outros enviados, e, vendo isso, nos questionarmos: é a pedra rolada que devo estar ou a rocha trabalhada é a que devo me transformar??? Se sua opção for a segunda, tenha força e coragem; lute por você e lute pelos outros; aquele que antes trilhou esse mesmo caminho te convida a ser sal da terra e luz do mundo. Sempre há sal e luz a menos, mas nunca estamos sem tempero e luz a serem produzidos… Feliz Páscoa.