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Sem coleta seletiva, lixo retirado dos igarapés de Manaus vai para aterro

 
Neste ano, a maior quantidade de lixo foi recolhida no mês de abril, com 1.953,310 toneladas retiradas. De acordo com o sub-secretário operacional de limpeza da Semulsp, José Rebouças, o acúmulo de lixo na área urbana piora no período da cheia. "Esse é um fenômeno que colabora muito, porque o lixo – principalmente nos igarapés do 40 e do Mindu – fica acumulado nas proximidades das pontes. Na época de seca, não conseguimos trazer esse lixo para as margens. O volume de água faz com que esses resíduos andem pelas águas, o que facilita a retirada", informou.
 
O igarapé que mais concentra lixo é o do Franco, na Avenida Brasil, Compensa, Zona Oeste de Manaus. De acordo com a secretaria, isso ocorre porque é um igarapé longo, largo e onde desaguam outros leitos. Outro local com grande concentração de resíduos é o Bariri, São Jorge, na Zona Centro-Sul, onde também desaguam leitos, além de haver palafitas com moradores que jogam na água seus lixos.
 
A Semulsp utiliza duas escavadeiras hidráulicas para retirar o lixo dos 44 igarapés da capital. Segundo Rebouças, o equipamento não consegue separar o lixo coletado. Também não há equipes que trabalhem na coleta seletiva dos resíduos. "O ideal é que as pessoas não joguem lixo nos igarapés, por isso nossas ações são no sentido de mudar o conceito da população", afirmou o sub-secretário operacional.
 
Conforme o diretor comercial da empresa Telhas Leve, Gilmar Araújo, o material plástico retirado de igarapés, como as garrafas PET, pode passar por processo de reciclagem. "Antigamente, quando produzíamos telhas com garrafas, a gente comprava dos catadores em pontos estratégicos. Paramos de produzir as telhas porque era difícil conseguir o material, pois esse trabalho de coleta deveria ser feito pela prefeitura", disse.
 
Atualmente, a empresa produz telhas a partir de tampinhas de garrafa PP (polipropileno) e cadeiras de plástico, compradas em cooperativas. "O material chega triturado. A gente faz a pré-seleção e separa o material contaminado, que passa por duas ou três lavagens. Temos uma fórmula para deixar a tela resistente", explicou.Para o sub-secretário operacional de limpeza da Semulsp, o trabalho de reciclagem não é simples e depende do esforço das empresas que atuam no ramo. "Nenhuma empresa quer separar esse material. Se a gente coloca o nosso pessoal para fazer essa separação, os trabalhadores correm o risco de pegar contaminação pela água, que tem desde garrafas a cachorro morto", disse Rebouças.
 
Gastos com limpeza
Apesar de a quantidade de lixo retirada no primeiro semestre de 2014 ter sido inferior à do mesmo período de 2013, o custo foi maior. Conforme a Semulsp, os gastos com limpeza no primeiro semestre de 2014 foram no valor de R$ 4.198.123,98, 10% a mais que em 2013, quando a coleta custou R$ 3.804.207,50.
 
Problemas para a população
Com o lixo nas águas, houve aumento no número de casos de doenças como hepatite A e diarreia aguda, causadas por infecção. Moradores de áreas alagadas também relatam a 'invasão' de animais como cobras e ratos às casas.Para o lavador de carros Irineu Bezerra, de 48 anos, morador do Educandos, a culpa é dos governantes. "Pelo menos aqui, nunca tiram o lixo do igarapé. Não vem ninguém. Os governantes deveriam olhar mais para esse lado. Só olham para o centro, praças, mas essa parte daqui é muito esquecida. A gente sofre com mosquito. Não passam borrifando nem nada. Eu não cobro questão de votar, sou cidadão e quero continuar votando, mas ninguém aparece por aqui para limpar o igarapé", disse.
 
A dona de casa Valdiza Pereira, de 49 anos, relatou o aumento no número de animais na área. "Sobe bicho, os carapanãs [mosquitos] ferram a gente. A gente cuida para não ter mosquito da dengue. Aparece rato, lagartinha. Todos os dias estão tirando o lixo, mas não é suficiente. A minha família limpa essa área todinha, mas as pessoas de outros lugares jogam, não querem saber", contou.O industriário Gilberto Justo, de 50 anos, morador da área do Igarapé do Quarenta, criticou a população. "Isso é mais culpa nossa. A população não se educa. O governante podia dar uma força, mas está desse jeito. Minha irmã pegou dengue, teve que ficar fora do trabalho por dois dias. Só isso já atrapalha bastante", relatou.
 
Devido à cheia, milhares de famílias foram afetadas em Manaus e estão recebendo auxílio da Defesa Civil por meio de Aluguel Social e também de kits de benefícios. Os bairros afetados em Manaus são: Betânia, Educandos, São Jorge, Mauazinho, Tarumã,  Raiz, Presidente Vargas, Aparecida, Centro, Glória, Cachoeirinha, Colônia Antônio Aleixo, Puraquequara, Santo Antônio, Compensa e São Geraldo. Ao todo, foram atendidas 560 famílias no bairro São Jorge. Também já foram atendidas mais de 300 famílias no bairro da Raiz e 800 no Educandos.
 
G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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