Na manhã desta quarta-feira, 2 de outubro, um operário de uma empresa terceirizada que estava no local trabalhando não hesitou: “Dona do céu! Aquele muro vai cair se chover; tá muito perigoso!”. O muro a que se referia o operário é o do quintal de uma das casas que estão sob ameaça constante de desmoronamento. Ele [muro] já sofreu um deslocamento detectado pela equipe do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) e por docentes da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Dois pontos delicados aumentam os riscos no local: um ipê-roxo que está se sustentando na encosta por apenas duas ramificações, enquanto que o restante da raiz está todo exposto e a árvore está bem próxima de uma residência no alto do morro. Outro é uma árvore caída bem na beirada da encosta que pode deslizar a qualquer momento provocando danos irrecuperáveis. Ambos os casos necessitam de providências urgentes para não despencar durante uma chuva e causar uma tragédia.
Em sua edição 458, o Circuito Mato Grosso deu início ao alerta de possível solapamento da encosta do Viaduto do Despraiado, provocado por um corte que deixou o barranco muito íngreme. O corte da encosta ficou sujeito a desmoronamento segundo os especialistas que visitaram o local a pedido do jornal: o Crea e a UFMT.
Moradores queixaram-se da falta de comunicação e orientação por parte do poder público e, aproveitando a reportagem, encaminharam-se até a Secopa cobrando posição. Esse grupo de moradores já havia protocolado pedido de informações junto ao Ministério Público Estadual (MPE) e, na Secopa, foram recebidos a portas fechadas pelo secretário de Infraestrutura, Alysson Sander, que se dispôs a encaminhar à equipe técnica o pedido dos moradores em permanecer em suas casas, fixando em 30 dias o prazo para análise.
Como não ocorreu a sustentação do barranco com a construção de um muro de arrimo, a Secopa havia decidido pela remoção dos moradores, sendo que a Procuradoria Geral do Estado (PGE) havia solicitado documentos e laudos para a desapropriação.
Numa ação paliativa, a Secopa estendeu a solução para garantir segurança aos moradores, mas o secretário Alysson Sander já havia comunicado à reportagem que a desapropriação ocorreria e caso chegasse o período da chuva e o muro de sustentação não estivesse pronto, a Secopa, junto com a Secretaria do Trabalho e Assistência Social (Setas), se encarregaria da remoção das famílias.