Foi isso que os britânicos mostraram na madrugada deste domingo (15), no palco Mundo, encerrando o segundo dia de Rock in Rio.
Voltando ao país dois anos após abrir os shows do U2 por aqui, dessa vez o trio se concentrou no repertório de seu sexto disco, "The 2nd Law" (2012), que teve seis faixas executadas — e, pela recepção do público, já bem conhecidas.
A primeira delas foi justamente a de abertura do show, "Supremacy", com sua bateria marcial e guitarra marcante.
O que o Muse faz de melhor –um rock eletrônico dançante– ficou claro logo nas duas músicas seguintes, a ótima "Supermassive Black Hole" e a muito boa "Hysteria"; o título desta, aliás, descreve bem o efeito de ambas sobre os fãs.
Há espaço para variações na fórmula, como em "Panic Station", com sua levada funk comandada pelo baixo de Christopher Wolstenholme e pela bateria de Dominic Howard, e na acelerada "Stockholm Syndrome", que ganhou ainda mais peso com a citação de "Freedom" (do Rage Against the Machine) ao final.
Há ainda os momentos "rock eletrônico de arena" — vide "Plug in Baby", "Uprising" e "Starlight"–, com seus refrães grandiosos que puxam o coro do público.
É verdade que, em algumas canções, o Muse parece cópia: do U2 ("Follow Me"), do Queen ("Madness"), do velho Radiohead ("Time Is Running Out").
Mas escolher boas referências não é crime, e outra prova disso é a versão de "Feeling Good" (uma pérola na voz de Nina Simone), com o guitarrista e vocalista Matthew Bellamy ao piano e gastando seus falsetes (além de usar um megafone).
O vocalista, a propósito, não faz feio com seu gogó (ainda que em muitas músicas se apóie em efeitos eletrônicos), o que fica mais evidente quando Wolstenholme, o baixista, se aventura nos vocais (em "Liquid State").
Com camisa vermelha (depois trocada por uma camiseta preta), calça preta, o cabelo de quem tomou choque e um cavanhaque, Bellamy não estava particularmente falante, mas não parou quieto no palco, chegando a descer para o meio da plateia durante "Starlight", já na parte final do show.
"Survival", música oficial das Olimpíadas de Londres, foi a derradeira antes do bis. Sobre o piano que comanda a melodia na primeira parte da canção, Bellamy pôs uma bandeira do Brasil que havia sido jogada em sua cara por um fã, durante sua caminhada pela área do gargarejo.
A essa altura, uma hora após o início, o movimento de parte do público rumo à saída já era notável.
No bis, já era possível chegar próximo ao palco sem muita dificuldade, dado o esvaziamento da plateia.
Os fãs que ficaram puderam ver Wolstenholme solar na gaita na introdução de "Knights of Cydonia", outra das canções do Muse para bradar a plenos pulmões. Na despedida, Bellamy usou o português para agradecer: "Obrigado, nós te amamos, Brasil."
Folha