Economia

‘Robôs investidores’ já gerenciam quase R$ 300 milhões no Brasil ou 134% do CDI

Warren conversa com potenciais investidores, tenta entender qual a familiaridade deles com ações e títulos de dívida, define qual o grau de risco que o sujeito está inclinado a tomar e dá opções de onde colocar seu dinheiro. A rotina poderia ser a de outro Warren investidor – o Buffett, o multibilionário dono do fundo Berkshire Hathaway – mas o Warren em questão é um robô.

Ele é um representante de uma onda de administradores e consultores de investimentos automatizados, que surgiram no Brasil nos últimos anos e já administra pelo menos R$ 300 milhões em ativos. O buscador de investimentos Yubb apontou esses robôs como os serviços que deram no ano passado as melhores opções de rentabilidade: 134% do CDI.

Máquina engraçadinha

Criação de ex-funcionários da XP Investimentos, Warren é na prática, um chatbot, um tipo de robô que funciona em serviços de bate-papo. Ele entende o que o humano do outro lado está falando para executar tarefas –há os que pedem pizza e um Uber até os que dizem o horário do seu voo. No caso do Warren, a tarefa é entender quem é o humano, quanto ele tem para investir, quais são seus objetivos financeiros e em quanto tempo pretende atingí-los.

Só que Warren é engraçadinho. Após responder à pergunta "Qual é a sua idade?", a reportagem ouviu de volta um impertinente "Os 30 estão chegando!", seguido de uma desculpa esfarrapada "(ops…chat errado) :D".

Gracejos à parte, Warren normalmente procura saber se o investidor está familiarizado com economia e com opções de investimento. Depois da entrevista, toda feita via mensagem, ele sugere uma carteira de acordo com o perfil do indivíduo (são cinco, do conservador ao mais arrojado). Ele só sai de cena quando envia os dados bancários para o investidor fazer o depósito que será usado no investimento escolhido.

No ar há um ano e um mês, Warren já gerencia R$ 100 milhões dos 25 mil clientes cadastrados na plataforma, que possuem idade média de 27 anos.

Robô das criptomoedas

Na Campus Party, o robô ganhou um primo, Elliot. O nome dele é outra homenagem, só que dessa vez fora do campo das finanças. Esse é o primeiro nome do personagem central da série geek "Mr. Robot". "Ele é o primo rebelde do Warren, que só investe em criptomoeda", brinca Eduardo Tocchetto, diretor da aplicação, que tem 23 anos e estuda economia da UFRGS.

Ainda engatinhando, o Elliot será lançado até o começo de abril. Na prática, ele será uma "exchange" de moedas virtuais. Ele vai conversar com as pessoas para descobrir se elas conhecem essas moedas. “Ele tenta mostrar que não é porque tu viu na GloboNews que Bitcoin valorizou US$ 1 bilhão que você vai vender sua casa”, diz Tocchetto.

No começo, Elliot vai indicar só bitcoins, mas o intuito é chegar até o fim do ano sugerindo outras das 20 criptomoedas mais negociadas do mundo. Para quem sabe dos problemas mentais de Elliot, Tocchetto avisa que as semelhanças acabam no nome. "Tem aquele lance da esquizofrenia, mas adotamos o nome só para ser uma referência moderna mesmo."

Sem “W” nem “Y”

Outro robô investidor é o Ueslei, sem “W” nem “Y”, a inteligência por trás da plataforma de investimentos da Vérios.

Diferentemente de Warren, depois de receber uma missão, Uesley tenta cumprir a meta de rendimento e pode até realocar recursos. Ele trabalha com Tesouro Direto e ações de empresas, tanto as negociadas no Brasil quanto nos Estados Unidos. A Vérios possui integração com a corretora Rico, da XP Investimentos, para o Ueslei conseguir gerenciar a carteira dos clientes mais facilmente.

Trabalhando com investimento desde julho de 2016, Ueslei gere R$ 180 milhões em ativos de clientes — a Vérios não revela o número total de cadastrados.

De olho no futuro

Enquanto Warren e Ueslei são classificados junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como gestoras de recursos, o robô investidor da InvestPro é um consultor.

Ele também traça o perfil dos clientes, mas não faz os investimentos, apenas faz sugestões dentro do portfólio de 10 instituições financeiras parceiras (Banco do Brasil, Itaú, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Santander, XP, Órama, EasyInvest, Genial e Ágora).

“Ele não olha taxa, rentabilidade e histórico. Um robô geralmente faz isso. O nosso recebe ‘inputs’ do que vai acontecer e pode afetar o mercado, como as eleições de 2018”, conta Maria Deibert, da InvestPro.

Preço

Outra diferença é que na InvestPro há uma área gratuita, mas com funções limitadas. Dá para comparar apenas categorias de investimentos. Ainda este ano uma versão paga será lançada. Ela também será capaz de fazer os investimentos para os clientes.

O Warren conta uma taxa de administração de 0,8% ao ano sobre os valores administrados, enquanto a Vérios cobra taxa anual de 0,95%, mas já inclui aí as taxas cobradas pela corretora.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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