Pesquisa do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) revela que 38% dos entrevistados estão com as contas no vermelho. Isso significa que a renda deles não é suficiente para pagar todas as despesas.
O levantamento foi realizado em fevereiro em 12 capitais brasileiras e ouviu 800 consumidores com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.
Ainda de acordo com a pesquisa, a maior parte dos consumidores ouvidos, 40%, informaram estar no "zero a zero", ou seja, sem sobra e nem falta de dinheiro. Outros 18% disseram que estão com sobra de recursos para consumir ou fazer investimentos. Os 4% restantes não souberam ou preferiram não responder.
De acordo com as entidades, quase a metade (49%) dos consumidores entrevistados em fevereiro manifestou a intenção de reduzir gastos. Apenas 8% informou que planeja aumentar as despesas. Para 40%, os gastos devem se manter estáveis.
A SPC Brasil firmou nesta terça-feira (6) com o Banco Central um acordo de cooperação com o objetivo de promover ações coordenadas, palestras e cursos nas áreas de cidadania financeira, de proteção aos usuários de produtos e serviços financeiros e de inclusão financeira.
Crédito é 'difícil' para a maioria
Para 51% dos entrevistados ouvidos na pesquisa, contratar crédito é algo difícil. Outros 22% consideram o acesso a crédito "regular" e, para 14%, ele é "fácil". Em 2017, o crédito bancário caiu 0,6%, segundo ano seguido de encolhimento.
"Crédito fácil e sem burocracia pode parecer algo positivo aos olhos do consumidor, mas em muitos casos a contrapartida dessa agilidade é a cobrança de taxas de juros muito elevadas. O crédito pode ser um aliado do consumidor para aquisição de bens de maior valor mas, se não bem utilizado, pode ser a porta de entrada para o descontrole financeiro", afirmou a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
De acordo com a sondagem, de cada dez consumidores seis (58%) não se utilizaram de nenhuma modalidade de crédito no último mês de janeiro, como cartões, crediário, cheque especial, linhas de financiamentos ou empréstimos.
Outros 42% mencionaram uso de ao menos uma modalidade de crédito no período. Desses, quase a metade (48%) informou que atrasou parcela em algum momento.
Os cartões de crédito (36%) e o crediário (12%) foram as modalidades mais usadas em janeiro deste ano. O cheque especial foi citado por 7% e, os financiamentos, por 6%.
Empréstimos negados
O Indicador de Uso do Crédito apurado pelo SPC Brasil e pela CNDL revela que 22% dos brasileiros tiveram crédito negado no último mês de janeiro ao tentarem parcelar uma compra em estabelecimentos comerciais ou contratar serviços a prazo.
As principais causas foram:
Falta de comprovação de renda ou renda insuficiente (36%)
Restrições ao CPF em virtude da inadimplência (31%)
"Com a renda do brasileiro menor, a análise de crédito tornou-se mais criteriosa para evitar a inadimplência e as concessões caíram ao longo do período mais severo da recessão. Somente agora o crédito começa a recuperar-se, mas é prudente que haja controle e critérios sobre a liberação de crédito por parte das instituições e que o consumidor se mantenha cauteloso antes de se endividar", avaliou Roque Pellizzaro Junior, presidente do SPC Brasil.