Nacional

Randolfe pede ao STF que Aras seja investigado por prevaricação

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu nesta segunda-feira, 21, ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorize a abertura de uma investigação para apurar se o procurador-geral da República, Augusto Aras, cometeu crime de prevaricação.

A representação foi enviada porque, na semana passada, Aras contrariou a Polícia Federal e pediu o arquivamento do inquérito contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo vazamento de dados sigilosos sobre uma tentativa de ataque hacker aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em embate aberto com o PGR desde o fim da CPI da Covid, o senador classifica como 'risíveis' os argumentos de Aras para pedir o encerramento da investigação e acusa suposta 'inércia ministerial'.

"O ilustre Procurador-Geral da República parece renunciar às suas verdadeiras atribuições constitucionais quanto à adoção de providências cabíveis em face de eventuais crimes comuns praticados pelo Sr. Presidente da República", afirma.

O pedido é para abertura de apurações sobre a conduta de Aras na esfera administrativa, pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal, na seara penal, pelo Supremo Tribunal Federal, e ainda no Senado Federal, órgão responsável por processar um eventual pedido de impeachment do procurador-geral.

"É preciso que se diga que a conduta está inserida em um contexto mais amplo de aparente subserviência do Procurador-Geral da República aos interesses nada republicanos do Sr. Presidente da República: proteger sua família e seus afiliados políticos a troco de subverter toda a lógica do funcionamento das instituições democráticas e republicanas brasileiras", critica o senador.

Ao pedir o arquivamento do inquérito, Aras argumentou que o material divulgado por Bolsonaro não estava protegido por sigilo e que os atos públicos devem obedecer ao princípio da publicidade. Embora o procedimento tenha sido como sigiloso no sistema de processamento judicial eletrônico e o material complementar também tenha recebido indicação de 'sigiloso' ou de 'caráter reservado', Aras afirma que 'a simples aposição de carimbos ou adesivos nos quais se faz referência a suposto sigilo da investigação não é suficiente para caracterizar a tramitação reservada'. Ele cita ainda um parecer da Corregedoria da Polícia Federal afirmando que o inquérito vazado não estava protegido por segredo de justiça.

A Polícia Federal concluiu as investigações no início do mês e apontou crime de violação de sigilo, mas deixou de indiciar Bolsonaro e o deputado em razão do foro por prerrogativa de função. Apenas o ajudante de ordens presidencial Mauro Cid, que ajudou na preparação da live presidencial, foi indiciado.

Na prática, ao pedir o encerramento do caso, Aras pretende livrar o presidente de uma eventual ação perante o STF. Pela jurisprudência do tribunal, quando há uma manifestação da PGR pelo arquivamento, os ministros costumam cumprir o pedido nos termos do parecer. A decisão, no entanto, cabe a Alexandre de Moraes, relator do caso.

 

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Nacional

Comissão indeniza sete mulheres perseguidas pela ditadura

“As mulheres tiveram papel relevante na conquista democrática do país. Foram elas que constituíram os comitês femininos pela anistia, que
Nacional

Jovem do Distrito Federal representa o Brasil em reunião da ONU

Durante o encontro, os embaixadores vão trocar informações, experiências e visões sobre a situação do uso de drogas em seus