Um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro lançar seu novo partido, o Aliança Pelo Brasil, o PT começa um congresso nacional de três dias, em São Paulo. A principal estrela é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, solto há duas semanas após decisão do Supremo Tribunal Federal que liberou presos condenados em segunda instância.
O congresso petista deve discutir as eleições municipais de 2020, a oposição ao governo, e o futuro da legenda. Não espere por grandes mudanças ou concessões. A atual presidente do partido, a deputada paranaense Gleisi Hoffmann, deve ser reeleita para um novo mandato de quatro anos.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, ela defendeu o endurecimento do discurso contra a retirada de direitos e ao que chamou de “destruição monumental do Estado” no atual governo. “O povo está esperando de nós um posicionamento firme. O povo quer trabalho, quer renda, quer condições de vida. Não pode ser um discurso moderado no sentido de negociar os direitos do povo”, afirmou. Para a deputada, Lula é a “única pessoa nesse país” com voz que “reverbere os interesses do povo”.
Nesta quinta-feira, o diretório nacional do partido se reuniu em São Paulo para discutir as eleições municipais do ano que vem. Lula vem enfatizando a necessidade de o PT lançar candidaturas próprias em todas as grandes cidades, mas já fez uma concessão: no Rio, deve apoiar Marcelo Freixo, do PSOL. Em Porto Alegre, o partido também pode formar uma aliança com o PC do B, de Manuela D’Ávila.
Em São Paulo, uma opção é a volta ao partido da ex-prefeita Marta Suplicy, atualmente sem legenda. Lula a considera “a melhor prefeita que São Paulo já teve”. Ela deixou o partido em 2015 criticando a corrupção e, pelo PMDB, votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Uma dúvida em aberto é se o novo partido de Jair Bolsonaro, o Aliança Pelo Brasil, conseguirá concorrer nas eleições do ano que vem. Para isso, precisa recolher cerca de 500.000 assinaturas em ao menos nove estados. Lançado ontem com discursos que falam em bíblia e bala, o Aliança é fortemente personalista. Bolsonaro é seu presidente, seu filho Flávio é o vice e até o caçula, Jair Renan, está na comissão do partido.