Opinião

Prosas com o minhocão do Pari

No dia 20 de janeiro de 2021, o pássaro Tyrannus melancholicus*, mais conhecido por Suiriri-tropical, Siriri e até Severino, anunciou em seu site o lançamento do ‘Ikuiapá, na boca do Pari’. Escrito por Rosemar Coenga e Anna Maria Ribeiro Costa, com ilustrações de João Batista Conrado, o livro tem a Entrelinhas Editora** como sua morada. À época, Tyrannusmelancholicus indagou: ‘Ikuiapá na boca do Pari’ conta uma história verídica?’ Sem pestanejar, a afirmativa soou com seriedade.

Um encontro jamais imaginado: Minhocão e Saci. A serpente em conversa com Caio Augusto Ribeiro no projeto ‘Conterrâneos: identidades de nossa terra’***, desenvolvido pelo Sesc Arsenal. A princípio, um encontro jamais imaginado. Durante a prosa, as aspirações de ambos se cruzaram, expuseram semelhanças que os aproximaram, os unificaram, a eliminar suas representações aparentemente incombináveis. Ambos desejaram o rio límpido. Não para si. Mas, para gentes e outras criaturas sobrenaturais que necessitam de águas saudáveis.

No ano de 2021, as páginas do ‘Ikuiapá na boca do Pari’ favoreceu um encontro jamais imaginado: Minhocão e Saci. A serpente em conversa com Caio Augusto Ribeiro no projeto ‘Conterrâneos: identidades de nossa terra’***, desenvolvido pelo Sesc Arsenal. Durante a prosa, as aspirações de ambos se cruzaram, expuseram semelhanças que os aproximaram, os unificaram, a eliminar suas representações aparentemente incombináveis. Ambos desejaram o rio límpido. Não para si. Mas, para todas as gentes e outras criaturas sobrenaturais que necessitam de águas saudáveis.

Em 2022, Minhocão serpenteou até à criançada da Educação Infantil da Escola Municipal de Educação Básica Silva Freire, em contação de histórias pela Professora Iuri Lara. E, nesse mesmo ano, também os alunos do 9º ano da Escola Estadual Alcebíades Calhao receberam Minhocão. Revelaram a profunda convicção da existência do réptil por parte de seus avôs e avós. Ao final da prosa, alguns mais à vontade, confessaram que também acreditavam na perigosa serpente que afunda barcos de gentes que pescam durante a piracema.

O personagem central do ‘Ikuiapá na boca do Pari’, se internacionalizou em 2023. Esteve em La Paz, em águas do Pantanal boliviano. Foi levado à ‘Compassos Pantaneiros no ritmo das águas’, com a assinatura de Ruth Albernaz na curadoria de arte e Caio Augusto Ribeiro à frente do programa educativo. O evento, uma promoção do Sebrae/MT, do Instituto Guimarães Rosa e da Embaixada do Brasil em La Paz, em parceria com o Cineclube Coxiponés da Universidade Federal de Mato Grosso, acolheu sessões de vídeos e exposição de artes plásticas, fotografias e livros. E lá estava o Minhocão em ‘Ikuiapá na boca do Pari’, na companhia dos livros ‘Gervane de Paula’, ‘João Sebastião’, ‘Pinturas e versos’, ‘Embaúba a história de uma árvore’, ‘Trilogia cuiabana’, Bicho grilo e ‘CasaCorpo: uma proposta metodológica para residências artísticas’. ‘Cosmosfera do Pantanal’, cartografia de José Eduardo Costa, poesia de Manuel de Barros e documentários, cada um ao seu jeito, delimitaram a territorialidade da exposição.

Minhocão, prossegue sua viagem. Agora acompanhado. ‘Ikuiapá, na boca do Pari’ e ‘Miragens’, de Lucinda Persona, abrem o ano letivo de 2024 do Colégio Notre Dame de Lourdes/ Cuiabá. A história (com ‘h’) de Minhocão vai fazer parada na turma do 7º ano do Ensino Fundamental, com a garotada de 12 a 14 anos. O cenário é o rio Cuiabá. Junto ao menino Branco, apelido de Rosemar, sabedor dos mistérios das águas do Cuiabá, quando conheceu a tão temida serpente, sua vizinha, pelas bocas de sua avó Chica e de seu pai Kiko.

Minhocão precisará tomar uma decisão. A se mover sinuosamente, ouve os lamentos de Neguinho d’Água Cavalo d’Água, Bicho Apá, Jacaré Encantado, Jacomea, Mãe d’Água, Mãe do Ouro, Mamaé, Neguinhos da Boca do Guató, Onça d’Água, Piraputanga do Ouro, Sereia e tantos outros. Minhocão também encontra com Antônio Mulato, Creonice, Dunga, Euclides Guató, Guimarães Rosa, Márcio Bororo, Joselina, Lenine, Luiz Carlos Ribeiro, Mário Cézar, Meriri Poro, Monteiro Lobato, Nhara, Pitu, Rondon, Rosa Bororo, Ivens Scaff, Totó, Vera Capilé, Vera-Zuleika. Gentes que fizeram e fazem histórias por onde passa o rio Cuiabá, em busca das ‘Águas sem males’.

Venha fazer parte desta aventura que tem tudo para dar certo: o salvamento do rio Cuiabá.

* Para ler a matéria de Lorenzo Falcão, acessar:

https://www.tyrannusmelancholicus.com.br/imprime.php?cid=13371&sid=311

** Para ler a sinopse da Entrelinhas Editora, acessar:

https://www.entrelinhaseditora.com.br/produtos/p.asp?id=294&produto=ikuiapa_na_boca_do_pari

***Para assistir a entrevista de Caio Augusto Ribeiro com os autores, acessar:

https://www.youtube.com/watch?v=7obzMN1dbns.

Anna Maria Ribeiro Costa é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

Anna Maria Ribeiro Costa

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Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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