Esse é quadro que se encontra o Polo Base de Saúde da terra indígena Marãiwatsédé, criada recentemente com a desintrusão da antiga fazenda Suiá Missú.
Segundo funcionários do Pólo que enviaram uma carta ao Ministério Público Federal (MPF) informando a situação, nem mesmo o lixo hospitalar é descartado de forma adequada. “Há pelo menos quatro anos, por exemplo, a fossa do pólo está estourada acumulando imundices a céu aberto e atraindo insetos transmissores de doenças”, informam os funcionários na carta.
As denúncias ocorreram depois que quatro crianças da comunidade indígena morreram vítimas de desidratação generalizada, vômito e diarreia comumente estão associados à mortalidade infantil entre os Xavantes de Marãiwatsédé. Por sinal, de acordo com a denúncia, o posto de saúde não possui recebimento regular de água potável e monitoramento de qualidade.
“O lixo hospitalar e o lixo doméstico são queimados em um buraco no chão no fundo deste prédio, sem que haja alternativas reais para sua melhor destinação”, diz outro trecho da denúncia. Os funcionários trabalham sem equipamentos básicos, como pinças, autoclave (esterilização de materiais), refrigeração adequada, cadeira odontológica, balão de oxigênio, iluminação e medicação emergencial.
No polo desempenham funções três técnicas de enfermagem, um dentista e uma enfermeira, num regime de 20 dias na comunidade e 10 dias de folga, para atender 300 indígenas, entre visitas nas ocas e acompanhamento de doentes nas cidades. Entre outras reclamações trabalhistas, os profissionais alegam que não recebem adicional por insalubridade, auxilio alimentação e acompanhamento psicológico.
Falta de convênios e reivindicações
Os funcionários relatam que em fevereiro deste ano a Secretaria de Saúde de Bom Jesus do Araguaia atendeu ao pedido de remoção de uma criança Xavante de Marãiwatsédé pela primeira e última vez, pois, conforme explicitam na carta os servidores, o município não recebia para atender índios. Em Ribeirão Cascalheira, indígenas de Marãiwatsédé em estado grave foram impedidos de entrar no hospital.
Os indígenas estão impedidos de serem atendidos, em hospitais dos municípios de Bom Jesus do Araguaia e Ribeirão Cascalheira, eles não podem realizar exames de prevenção e rotina, como de sangue, urina, raio-x, baciloscopia e outras sorologias porque a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) não formalizou convênio com as secretarias de Saúde. Outros municípios como Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia, em que pese também não tenham convênios firmados com o órgão do Ministério da Saúde, os Xavantes rejeitam por serem hostilizados e ameaçados.
Os funcionários reivindicam mais contratações, construção de alojamento e refeitório para os funcionários, energia elétrica, água limpa e potável, veículos para transporte de pacientes, local para destinação adequada do lixo, coleta seletiva do material hospitalar, montagem de consultório odontológico e sala para arquivo. Por fim, pedem equipamentos como estetoscópios, máquinas de esterilização, sonar, termômetros, ar condicionado, entre outros.
“Tendo em vista que o governo federal elegeu como prioridade institucional apoiar o povo Xavante na retomada do território, consideramos que as condições de saúde dos indígenas e trabalho dos funcionários precisam ganhar mais atenção”, frisam na denúncia os profissionais do Polo Base, que ainda convidaram integrantes do governo para uma visita nas instalações da unidade.
Fonte: Agência da Notícia