Cidades

Polícia registra homem morto por tiro como atropelado em SP

A mãe do vigilante Alex de Morais, de 39 anos, disse que o filho “não merecia o que fizeram com ele”. O homem foi morto na madrugada deste domingo (11) após ser atingido na cabeça por uma bala perdida em Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo. Os policiais militares que atenderam a ocorrência registraram o caso como atropelamento. “Era um menino com saúde, perfeito, não vai ficar assim não”, afirmou a aposentada Francelina Veiga de Morais.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que foi instaurado inquérito policial para apurar o caso. A Polícia Militar também instaurou Inquérito Policial Militar sobre o ocorrido (veja a íntegra da nota abaixo).

A mãe pediu punição ao responsável pela morte do vigilante. "Quero Justiça porque ele não merecia o que fizeram com ele. Um menino bom, educado, trabalhador e ter uma morte dessa, que ele não merecia. Tem que ver se foi polícia mesmo ou se foi bandido", disse. "Aquele lá era tudo para mim. Muito educado, brincalhão, ninguém tinha o que falar dele."

O caso ocorreu na Rua Edgar Pinto Cesar, por volta das 2h50, após a vítima seguir em direção a sua casa depois de sair do trabalho em uma casa noturna na Zona Oeste da capital paulista. O vigilante tinha acabado de descer do ônibus e andava em direção a sua casa quando foi atingido.

A declaração de óbito diz que a vítima teve traumatismo crânioencefálico após ser atingida por um objeto perfurante contundente na cabeça. No entanto, os PMs contaram na delegacia que encontraram a vítima caída no chão e inconsciente após a passagem de uma motocicleta com dois homens em alta velocidade.

Vizinhos ouviram o barulho de um tiro sendo disparado. Testemunhas relataram ao G1 que os policias perseguiam a motocicleta quando dispararam um tiro que teria atingido acidentalmente o vigilante. Na sequência, um dos policiais desesperado teria declarado que “fez besteira”, de acordo com o relato da vizinhança.

A vítima foi encaminhada ao Hospital Santa Marcelina e morreu horas depois. Francelina contou ao G1 que o médico que atendeu seu filho no hospital disse que ele foi vítima de tiro na nuca e que não tinha nenhuma fratura no corpo ou sinal de atropelamento.

Francelina conta que estava dormindo quando soube que o filho tinha sido atropelado. "O médico falou comigo que meu filho não foi atropelado e, sim, baleado. Ele falou que não quebrou um dedinho dele, não tinha nada, mas tinha um buraco na cabeça dele."

O boletim de ocorrência feito pelos PMs no 69º Distrito Policial (Teotônio Vilela) não mencionam o ferimento na cabeça da vítima. Inicialmente, o caso foi registrado como lesão corporal culposa (quando não há intenção) e fuga do local do acidente.

Por esse motivo, a família voltou na delegacia e pediu a modificação no boletim de ocorrência. Como a solicitação não foi atendida, os familiares decidiram registrar o caso no 53º DP (Parque do Carmo) como morte suspeita.

De acordo com Ariel de Castro Alves, coordenador estadual do movimento Nacional de Direitos Humanos, os policiais envolvidos na ocorrência podem ser investigados por homicídio e fraude processual, já que forneceram uma versão falsa sobre a causa da morte.

Veja íntegra da nota da Polícia Militar:
"A Polícia Militar informa que durante um acompanhamento policial a uma motocicleta, na madrugada de domingo (11), no bairro de Sapopemba, PMs localizaram uma pessoa ferida. A princípio, acreditaram que ela teria sido atropelada e acionaram o resgate, que a socorreu ao Hospital Santa Marcelina. O caso foi então apresentado no 69º Distrito Policial como lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. Posteriormente, apareceram relatos de que a vítima havia sido baleada, fato confirmado na declaração de óbito. O delegado titular do 70º Distrito Policial, Luiz Eduardo de Aguiar Marturano, que assumiu o caso por ser responsável pela área onde ele ocorreu, informa que há inquérito instaurado. Ele aguarda o laudo do exame necroscópico que confirmará a causa da morte. A investigação segue em andamento. A PM também instaurou Inquérito Policial Militar para apuração dos fatos."

Fonte: G1

Redação

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