A Polícia Federal (PF) pediu apoio à Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) para prender Eduardo Fauzi Richard Cerquise, um dos suspeitos de atacar a sede da produtora Porta dos Fundos na véspera do Natal.
Segundo o diretor-geral substituto da corporação, Disney Rosseti, a PF, formalizou ontem (7) o pedido para que a Interpol emita um alerta internacional, a chamada difusão vermelha, incluindo Cerquise entre as pessoas procuradas pela justiça criminal de seus países que fugiram para outras nações.
“Foi formalizado ontem [o pedido de] difusão vermelha. A gente pediu a cooperação e agora depende das autoridades [internacionais]”, disse Rosseti, ao ser perguntado pela Agência Brasil.
Identificado como um dos cinco homens suspeitos de lançar bombas caseiras contra a sede da produtora Porta dos Fundos, na zona sul do Rio, Cerquise viajou para a Rússia dias após o ataque. Ele teve prisão temporária decretada e é considerado foragido da Justiça brasileira. Caso seja encontrado, Cerquise pode ser extraditado, pois Brasil e Rússia têm acordo de cooperação na área.
A 10ª Delegacia de Polícia (DP) de Botafogo, no Rio de Janeiro, já havia acionado as autoridades federais para que o nome de Cerquise fosse incluído na lista da Interpol.
Na prática, como a organização internacional reúne polícias de vários países e tem a lista de difusão vermelha compartilhada entre os órgãos de segurança pública de todos os estados-membros, a emissão de um alerta internacional representa como que um mandado de prisão internacional que, quando cumprido, pode resultar na extradição do procurado.
Hoje, 98 brasileiros foragidos da Justiça constam da relação pública da Interpol. São 81 homens e 17 mulheres. O nome de Cerquise ainda não consta da lista. A relação total de procurados, no entanto, pode ser maior, já que há uma segunda lista acessível apenas a pessoas autorizadas.
Identificação
A DP de Botafogo ainda apura o motivo do ataque à produtora Porta do Fundos. Conforme as investigações, vídeos gravados por câmaras de segurança registraram o momento em que Cerquise deixa o local onde se localiza a sede da produtora logo após o ataque.
Segundo a Polícia Civil, Cerquise é o homem que aparece nas imagens usando uma touca ninja e jogando fora um pedaço da fita adesiva usada para encobrir a placa de um dos veículos usados na ação em frente à produtora (um Eco Sport e uma motocicleta).
“Monitoramos toda a chegada e a fuga dos veículos utilizados no cometimento do delito. No momento do ato, eles estavam encapuzados e não era possível, através da imagem, identificá-los, mas durante a fuga o [suspeito] sai de um dos veículos, continua a sua fuga por um trecho a pé. Nesse momento, ele não está encapuzado. Conseguimos monitorar todo o trajeto até [ele] entrar em um táxi e fugir. Todo esse trecho conseguimos identificar o rosto, a fisionomia, e conseguimos identificar o taxista que fez a corrida”, disse o delegado responsável pelas investigações, Marco Aurélio de Paula Ribeiro, no último dia 31.
Armas, dinheiro e livros apreendidos operação contra suspeito de ataque à Porta dos Fundos – Arquivo/Agência Brasil
Em um vídeo que divulgou depois de sair do Brasil, Cerquise critica os humoristas do Porta dos Fundos, classificando-os de “intolerantes”.
“Quando o Porta dos Fundos escarnece do nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, ele pisa na esperança de milhões de pessoas que só têm Jesus Cristo como riqueza”, disse Cerquise, reforçando a suspeita de que o atentado contra a produtora pode ter sido motivado por um recente programa em que o grupo humorístico satiriza Jesus Cristo, sugerindo que este pode ter tido experiências homossexuais.
“Quem fala mal do nome de Cristo prega contra o povo brasileiro. Este é um crime de lesa-pátria. Eles são criminosos, são marginais, são bandidos”, afirmou Cerquise, referindo-se aos humoristas do Porta dos Fundos.