A PF de Minas apura denúncias de que o clube teria feito contratação irregular para compra de equipamentos de musculação em 2009, já durante a gestão do atual presidente, Alexandre Kalil.
O inquérito já teve desdobramentos. O Ministério do Esporte impediu o clube de requisitar benefícios por intermédio da lei de incentivo.
Em 2007, o Ministério do Esporte aprovou projeto solicitado pelo Atlético, então presidido por Ziza Valadares, e pelo qual captou R$ 5 milhões com BMG, Fiat e Cemig.
Do repasse, o clube teria usado quase R$ 4 milhões entre 2007 e o fim de 2008. Sob pretexto de modernizar seu departamento profissional abriu, à época, concorrência para fornecimento de equipamentos de musculação.
O clube teria descartado orçamentos mais baratos apresentados pelas tradicionais Life Fitness e Reebok e preferido proposta da Áquila Fitness, que mostrou orçamento de R$ 510,3 mil.
Também uma empresa que nem teria participado da licitação, a Technofitness, emitiu duas notas fiscais de venda ao clube e foi paga.
O valor apresentado no orçamento da Áquila, de acordo com a denúncia, foi "pago" com cheques da conta aberta pelo ministério no BB (que é procedimento padrão) em dezembro de 2007 –um de R$ 70 mil, nominal à Áquila, e um outro de R$ 440 mil, destinado à Technofitness.
As notas emitidas pela Technofitness são quase sequenciais, de número 1 e 3, e no documento consta um endereço diferente do comunicado no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).
Enquanto a investigação está em andamento, a Coordenação Geral de Prestação de Contas do Ministério do Esporte, de forma preventiva, bloqueou o clube para apresentação de projetos por meio de lei de incentivo fiscal.
Neste ano, Kalil ganhou notoriedade ao se aliar à cúpula da CBF e atacar a pasta do Esporte. Alfinetou o ministro Aldo Rebelo ao afirmar que quem está à frente do ministério "não é do ramo".
Em campo, o Atlético passa por bom momento. O campeão mineiro tem atraído atenções pela boa campanha na Libertadores, pela qual pega o Newell's Old Boys, em julho.
OUTRO LADO
O Atlético-MG, via sua assessoria de imprensa, foi sucinto ao comentar o caso.
O texto isenta o presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, de responsabilidades ao argumentar que "os referidos convênios já haviam sido firmados quando a atual administração assumiu o clube, em novembro de 2008".
E alegou estar colaborando com a Justiça: "Todas as informações e documentos solicitados pelas autoridades já foram encaminhados".
A reportagem tentou falar com Ziza Valadares, líder do Atlético-MG à época em que o convênio foi fechado.
O Sindicato do Futebol não tem seu número. Eduardo Maluf, dirigente em sua gestão, disse não ter seu telefone. A secretária do Atlético-MG orientou que o conselho deliberativo do clube fosse procurado. Um funcionário do conselho sugeriu que fosse contatada a Copasa, mas a firma informou que ele não trabalha mais lá.
Folha