O tenente-coronel da Polícia Militar, José Henrique Costa Soares, disse que o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, revelou informações confidenciais sobre um processo que respondia, no ano de 2015, época em que era seu advogado.
Soares é autor da denúncia que resultou na prisão de oito pessoas acusadas de tentar atrapalhar as investigações e afastar o desembargador Orlando Perri do inquérito sobre o esquema de interceptações telefônicas ilegais no Estado, que tramitava no Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Segundo o tenente-coronel, ele foi procurado pela Helen Christy Lesco, esposa do ex-chefe da Casa Militar, Evandro Lesco, ambos presos no esquema. A personal trainer ameaçou contar que ele era usuário de drogas para prejudicá-lo profissionalmente. Tal informação teria sido obtida através de Paulo Taques, também preso na mesma invedtigação.
“[Helen] disse que haviam informações a meu respeito que poderiam comprometer a mim e a minha carreira, por informações de um processo que eu havia respondido em 2015. Nesse processo, a minha defesa foi feita pelo Paulo Taques, que era meu representante legal até ter que sair por conta da posse da Chefia da Casa Civil. Ele tinha informações confidenciais, pessoais, que eu confidenciei a ele quanto profissional e que foram reproduzidas por ela no encontro. Eu deduzi que de fato que estaria em maus lençóis se eu não atendesse aos pedidos”, revelou em entrevista à TV Centro América.
O militar também comentou a pressão que sofreu por conta da abordagem que tinha o intuito de prejudicar o desembargador Orlando Perri. José Henrique, inclusive, falou até em suicídio.
“Era eu contra todos eles e eu não tinha com quem falar. Se eu falasse para um amigo [sobre a situação], para um irmão, eu estaria comprometendo essa pessoa. Eu estava sofrendo uma pressão muito grande e só por Deus mesmo que eu consegui ajuda para ter equilíbrio naquele momento. Se você não tem Deus, você dá um tiro na cabeça”, relata.
Para o tenente-coronel, a sua promoção ao cargo de escrivão foi “caso pensado” pelo grupo, uma vez que nessa função ele teria contato direto com o desembargador e com isso cumprir a missão de gravar algo que pudesse comprometer a atuação do magistrado nas investigações.
“Na época eu ocupava o cargo de ouvidor geral da Polícia Militar, que é ligado a Controladoria Geral. Essa atividade eu exercia na sede da PGR e ao mesmo tempo eu cumulava a função de coordenador de atendimento ao cidadão e estatística na Corregedoria. Houve um momento em que me chamaram para exercer a função de escrivão do processo que estava em curso e que apurava os fatos dos Grampos Ilegais”, pontua.
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