Os jogadores não gostaram da opção feita pelo jogador, que poderia ter tentado uma finalização mais forte diante do experiente goleiro gremista. Pouco depois, foi a vez de Tite reclamar da atitude do atacante, como revelou o Blog do Perrone, na última sexta-feira.
A relação de Pato com o restante do grupo é bastante complexa. Os jogadores reconhecem o atacante como um bom menino, que se dedica nos treinamentos e não é dado a estrelismos. Ao mesmo tempo, não entendem como ele mantém uma postura pálida em campo, quando todos sabem que um estilo mais aguerrido agradaria a torcida e convenceria os críticos.
A dificuldade de Pato para entender sua função no esquema montado por Tite também incomoda alguns jogadores. Só que os líderes do grupo entendem que a sua qualidade técnica é tão grande que já o defenderam em conversas com a comissão técnica, pedindo mais liberdade para o atacante, que tem dificuldade para marcar.
Por isso, a bronca na Arena Grêmio não significa um rompimento com o atacante. A leitura de pessoas próximas do elenco é de que outro jogador poderia ficar queimado se tivesse recebido tanta proteção da diretoria.
Na última quarta, Pato foi aconselhado a ir para a casa de familiares em Porto Alegre depois da eliminação, já que no dia seguinte não acompanharia a delegação na volta a São Paulo. No fim, só ele escapou da ira da torcida no hotel na capital gaúcha e no desembarque em Congonhas.
Acredita-se, no entanto, que o caráter agregador do atual elenco consiga manter Pato integrado. O problema é que, hoje, ninguém consegue defender o atacante publicamente, incluindo Tite e a diretoria.
Na quarta, o técnico se calou sobre a cavadinha, enquanto Fábio Santos e Danilo se esquivaram para evitar polêmicas. Mário Gobbi, por sua vez, condenou a batida e ainda criticou o desempenho de Pato ao longo do ano. Tudo isso ajudou a deixar o atacante como único culpado pela queda na Copa do Brasil.
O ex-milanista, ainda que reconheça seu erro, está incomodado com a situação. Na nota que divulgou à imprensa na última sexta, Pato cita que "o jogo coletivo é assim, quando perde, todos perdem. Quando ganha, todos ganham". Questionado sobre a posição de Pato como bode expiatório, Tite desconversou.
"Não existe culpado para nada, existem responsáveis para tudo, é diferente. Todos nós somos, de acordo com a sua forma, a atuação que teve, o trabalho que foi desenvolvido [por cada um]. Claro que situações pontuais são trabalhadas dentro do vestiário", disse Tite.
A bronca de Pato não é exatamente com o Corinthians. Desde quarta, o clube tem mantido contato com o atleta nos bastidores, tentando encontrar a melhor solução para o impasse. Contratado por R$ 40 milhões, o atacante ainda é um ativo alvinegro, e como tal, não pode ser tão desvalorizado.
A repercussão, porém, tem sido a pior possível. As notícias sobre uma possível negociação do atacante, o estilo lacônico de seu empresário e a pressão da torcida só pioram a situação. Para conseguir vislumbrar um futuro mais calmo no clube, Pato precisa reagir nas últimas partidas do Campeonato Brasileiro.
UOL