A medida é consequência da presença do religioso em um evento no último dia 20, quando dois arquitetos celebraram a união homoafetiva, que já dura 11 anos. César Garcia foi um dos convidados para a celebração na residência do casal.
Padre César relata que esteve no local como amigo dos arquitetos, e não como representante da Igreja Católica. Ele disse que, inclusive, não utilizava batina e estava vestido como uma pessoa comum.
"Eles não pediram sacramento, não pediram nada disso, pediram uma oração", afirma. O padre relata ter rezado o Salmo 83 da Bíblia e feito um discurso sobre "a grandeza do amor e o respeito às pessoas".
Porém, fotos da celebração, que mostravam a presença do padre, foram publicadas em redes sociais e repercutiram entre os membros mais conservadores da Igreja. Um processo canônico no Tribunal Eclesiástico de Goiânia foi aberto para investigar o caso. Antes que a investigação fosse concluída, entretanto, o clero determinou o afastamento do padre por tempo indeterminado.
Surpreso com a repercussão do caso, o arquiteto Leo Romano explicou que o objetivo da presença de César Garcia na cerimônia era o de abençoar a residência do casal. "Em momento nenhum se falou essa palavra casamento, não houve aliança, entrada de padrinho. Foi uma celebração de amor", diz.
Por outro lado, para a Igreja, a presença do padre deu margem para interpretações errôneas da intenção dele e do casal. "A presença de uma pessoa, ainda que silenciosa, diz alguma coisa. E nesse sentido, a presença do padre César não é uma presença indiferente, ainda que não tivesse dito nada. E, certamente, dentro dessas circunstâncias, essa presença vai contra as convicções da Igreja Católica", afirma o padre e professor de teologia moral Luiz Henrique Brandão, representante da Arquidiciose de Goiânia.
“Nesse caso, se houver possibilidade de confusão, é melhor que aquela bênção não fosse feita justamente para se evitar em quem recebe e em quem participa dela, uma confusão", completa.
Entretanto, padre César defende que a bênção não deveria ser punida. "Nós entendemos que todos somos filhos de Deus e merecemos uma benção. Não se nega benção a ninguém", diz.
Segundo o padre Luiz, César e testemunhas serão ouvidos pelo caso. Ele afirma que a medida de afastamento não foi uma punição, mas “um ato que quer remediar e favorecer a resolução da situação”. Não há prazo para que o a Igreja conclua a investigação.
G1