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ONG pede que agressão psicológica seja julgada como violência doméstica

A Artemis, organização não governamental de luta pelos direitos e o combate à violência contra as mulheres, fez hoje (27) um ato em frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) para cobrar dos tribunais do país que reconheçam denúncias de agressão psicológica, patrimonial e moral sofridas por mulheres como casos de violência doméstica, conforme previsto na Lei Maria da Penha. As ativistas protocolaram uma denúncia pública ao presidente do TJSP com uma lista de casos que, segundo o movimento, não foram julgados corretamente.

O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking de feminicídio entre 84 países, de acordo com a ONU Mulheres, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) que cuida dessas questões. Segundo os dados, 41% dos casos de violência doméstica ocorrem dentro de casa e 57% iniciam-se após o término de um relacionamento. Além disso, três em cada cinco mulheres sofreram, sofrem ou sofrerão violência em um relacionamento afetivo no Brasil. Na capital paulista, foram 5.343 vítimas de agressão no primeiro semestre do ano.

Na carta, a Artemis diz que a violência psicológica, patrimonial e/ou moral sofrida por brasileiras e reforçadas pelas decisões que não reconhecem tais violências é uma violação de direitos humanos das mulheres que ocorre todos os dias e afeta toda a coletividade feminina brasileira.

“Equipara-se a uma tortura psicológica e quase física. O Estado brasileiro se comprometeu a envidar os maiores esforços no cumprimento dos tratados internacionais para o cumprimento dos direitos fundamentais, bem como as recomendações da Declaração e Plataforma de Ação da 4ª Conferência Mundial Sobre a Mulher, que aconteceu em Pequim em 1995, e do Comitê de Monitoramento do Comitê para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher”, diz a carta.

A violência psicológica é definida pela Organização Mundial da Saúde como “qualquer conduta que lhe cause danos emocional e diminuição da autoestima ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica”. Segundo o art. 7º da Lei Maria da Penha, a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.

Ao final da carta, a Artemis pede que o presidente do TJSP adote todas as medidas cabíveis e necessárias para coibir e punir as violações aos direitos humanos relatados no documento, cumprindo as recomendações do comitê e que estude como os desembargadores e magistrados do primeira instância estão aplicando, ou não, os tratados internacionais de proteção à mulher, assinados e ratificados pelo Brasil. Pede ainda que seja feita uma audiência pública com a participação de diversos setores da sociedade para discutir a perpetuação da violência contra e a criação de mecanismos efetivos para erradicá-las.

De acordo com a fundadora e presidente da Artemis, Raquel Marques, o Tribunal de Justiça tem reconhecido as violências sexuais e físicas porque há uma prova física e um laudo que comprove, mas no caso de violência psicológica, patrimonial e moral as mulheres têm perdido as ações. “Mesmo em casos em que há testemunhas e provas eles alegam que não sabem muito bem o que aconteceu e isso é bastante prejudicial, porque essa mulher não consegue sair dessa relação agressiva, porque muitas vezes está privada de seus bens, não têm acesso à conta bancária, não pode trabalhar”.

Maria Cristina Randazzo, 48 anos, psicóloga, foi casada com um empresário bem-sucedido e tardiamente começou a notar o assédio psicológico, mas não entendia o que estava enfrentando até que ele entrou com o divórcio litigioso, alegando alienação parental. “Fui traída, roubada, ele desviou recursos, e hoje está fora do país. Ele deve não só pensão como acertos trabalhistas que recaíram sobre mim. Não tenho mais conta, não tenho mais patrimônio. Tenho dívidas e advogados me ligando. Além disso, ele prejudicou os filhos. Ele chegou a ser preso, mas saiu e foi para a Espanha e levou o nosso filho caçula que mora com ele em endereço desconhecido”.

A síndica Aparecida Silmara Rosa, de 27 anos, viveu 12 anos aom o parceiro, que começou a mudar de comportamento quando eles foram morar juntos ela mostrou interesse em estudar. “Já estava realizada como mãe e dona de casa, então quis me realizar profissionalmente. Sofri bastante violência psicológica que suscitou na violência patrimonial com celular e computador quebrado. Foi aí que reconheci o que estava acontecendo e dei o basta”. Ela está separada há seis meses e diz que ainda tem problemas com o ex-marido, mas não pensa em entrar na Justiça por acreditar que o caso não será julgado. 

O grupo lançou uma campanha nas redes sociais com a hashtag #tambemeviolencia na qual convidam mulheres postarem fotos com as ofensas que ouviram coladas nos rostos, denunciando o assédio. A campanha vai até o dia 10 de outubro.

Fonte: EBC

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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