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Obras da Copa: Tragédia há muito anunciada

 
A necessidade, inclusive, de colocar escoras e acrescer aço e concreto à obra só ocorreu esta semana e foi assumida pela própria Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) e alardeada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que emitiu vários relatórios das obras, porém não adotou postura contundente para evitar o desperdício e os riscos à população.
 
Inaugurado em fevereiro deste ano, o Viaduto Jamil Boutros Nadaf (Viaduto da Sefaz) teve um custo total de R$ 18 milhões e está totalmente interditado desde o último dia 6. O viaduto que integra o pacote de implantação do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) foi primeira obra a ser liberada pelo Governo Estadual.
 
No entanto, antes mesmo de sua inauguração, o elevado necessitou passar por um processo de recapeamento do asfalto na cabeceira de sua estrutura. Procedimento este considerado normal pelo Consórcio. 
 
É elementar que diante das observações acerca da falta de planejamento, previsão, controle tecnológico e de projeto das obras da Copa do Mundo 2014, entre Cuiabá e Várzea Grande, aconteceria o inevitável: obras com falhas e risco de desabamento, pela baixa qualidade de serviços da construção.
 
E não precisa ser “Sherlock Holmes” para sinalizar este fato, que há muito tinha sido apontado pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso e previsto pelo engenheiro civil integrante da Comissão de Acompanhamento das obras do evento da Copa 2014 Luiz Miguel de Miranda.
 
“Um aluno meu não faria uma idiotice daquela. Porque quando você faz uma curva muito apertada, você tem que fazer a pista mais larga, e ali não cabem dois carros. Se entra um ônibus ali junto com outro veículo vai dar colisão lateral. Eles deveriam ter pensado nisso. Primeiro, a curva está errada: nota zero. Não passam dois carros”, diz incisivo o engenheiro, que é professor doutor do Núcleo de Estudos de Logística e Transporte da Universidade da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
 
Para se fazer qualquer tipo de construção, pontua o especialista, é preciso ter cinco condições básicas: planejamento, projeto, saber se tem gente para fazer, quanto custa e se tem material disponível. 
 
Ou seja, envolvem várias preliminares que começam pelo planejamento e projeto. Se faltar algum desses itens, como numa casa, por exemplo, o resultado será ela mal feita, com defeito, a parede irá descascar. “E vamos pedir a Deus que não caia sobre a sua cabeça e de sua família!”, alerta.
 
“Essa turma aí nunca fez controle tecnológico de execução”
 
Professor da UFMT, Luiz Miguel de MirandaLuiz Miguel de Miranda explica ainda que se deve tirar corpo de prova de tudo, em laboratório e passar raios-X em todos os pilares das obras para dizer se aquela quantidade de ferro utilizada condiz com a norma. 
 
“Essa turma aí nunca fez controle tecnológico de execução. Se amanhã, para me confrontar, aparecerem com meia dúzia de resultados de ensaio, para mim não é confiável”, alerta.
 
Os defeitos mais graves e grosseiros vistos pelo especialista nessas obras todas dizem respeito à falta de projeto. “Nós sabemos aqui na universidade, os engenheiros civis de toda essa cidade também, que essas obras começaram sem projeto. Havia um prazo curto para fazer este plano megalomaníaco, muito detalhado. Ainda, não tinha gente para fazer. E a versão que nós temos das autoridades estaduais é que o Governo Federal não liberou os recursos, que não veio o dinheiro de Brasília”.
 
Ele aponta o viaduto da UFMT como mal feito, com erros grosseiros, tiveram que desmontar as vigas que já estavam todas prontas, por erro de cálculo de altura. Eles tiveram ainda que serrar o pilar para ele ficar na altura, também que colocar calço para o viaduto ficar na altura certa e os veículos pudessem passar por cima dele.
 
O professor critica a vista grossa do projeto do viaduto do Despraiado, na Avenida Miguel Sutil, em ignorar o “morro do Despraiado”, com risco de desabamento, tendo em vista que está situação já ocorreu no ano de 1993, cuja encosta tem que ser mais deitada, pois do contrário ela cai.
 
 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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