Há três meses, João Reis passou por uma dor que diz que nunca vai superar. Seu filho, Cristiano Araújo, morreu em um grave acidente de carro, que também matou a namorada do sertanejo, Allana Moraes. “Ele está comigo em todos os momentos. Se estou dando conta de fazer as coisas é porque ele tem uma força muito grande sobre mim. Isso me faz seguir meu caminho. Hoje vivo como robô. De manhã, coloco a pilha, me programo para fazer um monte de coisa e, quando volto, tiro a pilha e desabo. Pra poder seguir, é o próprio cérebro que engana a gente um pouco para sobreviver. Mas nada vai me fazer superar a falta… A presença, o sorriso, a alegria…”, declarou João Reis ao EGO.
O desabafo de João veio após o pai do cantor sertanejo ser questionado se toda a dedicação que ele tem tido com a carreira solo de seu outro filho, Felipe Araújo, tem o ajudado a superar a dor. Felipe, que até o mês passado fazia dupla com Zé André, vai seguir os passos de Cristiano e subirá sozinho aos palcos. Seu primeiro trabalho solo será lançado na noite desta sexta-feira, 25, e será uma homenagem ao irmão.
“Quando o Cristiano começou a cantar, ele cantava solo. Quando completou 18 anos, montou três duplas ao longo dos anos e nunca deu certo. São duas cabeças. Um pensa de uma forma, outro de outra. E eu sou um pouco enjoado e as pessoas não entendem muito isso. Acham que a gente é chato e arrogante. Mas é para fazer a coisa bem feita. Aí, quando o Felipe começou a cantar, falei para ele fazer solo. Ele não quis, fez dupla. Agora, com todas as coisas que aconteceram, eu não queria frustrar o sonho do meu filho”, afirmou João Reis, que foi só elogios a Zé André.
“Muito bom cantor e compositor, de um caráter incrível. Mas aí vem a questão das ideias, porque do outro lado tem um pai também. Aí as coisas vão ficando mais complicadas”, explicou. Depois de fazerem uma pesquisa com as pessoas do meio musical, João e Felipe decidiram pela carreira solo.
'Cristiano é incomparável'
Felipe já afirmou em entrevista que tem medo de comparações. E João acredita que isso seja inevitável. “Deixei bem claro que eles não têm nada a ver. Cristiano é incomparável. Melhor cantor do Brasil. Não tem como fazer comparação. Mas as pessoas vão fazer, pelo fato de ser irmão, a voz parecer um pouco. Ele vai ter que ser muito firme porque não tem como fugir disso. Eu falo para o Felipe: ‘o Cristiano deixou a estrada asfaltada para você. Não vá fazer nenhuma ultrapassagem perigosa’”.
Apesar de estar surpreso com a maturidade do filho diante da situação, João não sabe dizer se o filho está totalmente pronto para os novos desafios. “A gente nunca sabe se está preparado. Ele é novo, está com 20 anos. Hoje está preparado, mas amanhã não sabemos. Virão muitas coisas diferentes. Acho que nem o Cristiano estava preparado. Tinha muita coisa para aprender”.
Enquanto torce pelo sucesso do filho, João tem algumas exigências. “Uma das coisas que sempre cobrei do Cristiano era ficar bem aparentemente. Artista não pode relaxar”, pontuou. Seguindo o pedido do pai, Felipe já emagreceu nove quilos em um mês.
João Reis, que cantou em dois DVDs de Cristiano e participou da gravação do trabalho de Nivardo Paz, afirmou que não pretende assumir os microfones para uma carreira própria e deixa essa parte só para os filhos mesmo. “Sempre fui muito tímido. Tinha uma vergonha danada de subir no palco. Mas o Cristiano exigia isso de mim. Era até um prêmio pra mim, por tudo o que a gente viveu junto. Mas era só isso mesmo”.
'Nunca mais quero vê-lo'
Assim como Divina de Mello, tia de Cristiano, que tem evitado assistir TV e ler noticiários, João Reis prefere ficar longe de tudo que envolva o caso da morte do filho. Até por isso, não sabe muito do que está acontecendo sobre o indiciamento do motorista Ronaldo Miranda por duplo homicídio culposo. “Eu nunca falei sobre isso e nem vejo mais TV. Mas eu acho assim, a justiça humana é muito falha. Muitas coisas passam de uma forma absurda. Mas a justiça divina está aí pra punir as pessoas que merecem. O perdão é de Deus”, afirmou João sobre as acusações feitas a Ronaldo.
Questionado se já encontrou o motorista desde o acidente, João foi enfático. “Nunca mais quero vê-lo porque não sei qual seria minha reação. O que sempre peço para as pessoas que convivem com ele é para que ele nunca mais passe na minha frente”.
Fonte: G1
