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No Limite do Amanhã | Crítica

 
A trama futurista, sobre a última batalha de uma longa guerra entre invasores alienígenas e as defesas da Terra, parece misturar Feitiço do Tempo com Tropas Estelares. Responsável pelo marketing e pela assessoria de imprensa do exército, o major Bill Cage (Tom Cruise) nunca entrou em combate. Quando é convocado pelo general (Brendan Gleeson) a registrar em vídeo, in loco, o front na Normandia, ele refuga, é acusado de deserção e termina rebaixado a soldado no destrambelhado pelotão do Sargento Farell (Bill Paxton). Uma vez lá, Cage sofre um acidente alienígena que o mata e o ressuscita e o faz viver repetidamente o mesmo "dia D".
 
As citações à Segunda Guerra Mundial – a invasão da França, o Dia D, o cerco europeu – são as primeiras de uma série de colagens de gêneros e referências que o roteiro faz, a partir do romance japonês de Hiroshi Sakurazaka em que o filme se inspira. A ideia não é apenas reviver imagens que os filmes de guerra eternizaram no imaginário coletivo no Século 20 – o desembarque na praia é claramente uma releitura futurista do começo de O Resgate do Soldado Ryan – mas principalmente sugerir que todas as guerras, na prática, são idênticas.
 
É de camadas de repetições que este filme é feito, afinal, e aí começa a sátira e o comentário político de No Limite do Amanhã. A premissa de ficção científica transforma em texto algo que quase sempre fica no subtexto nos filmes sobre o horror da guerra: soldados estão no pelotão de frente para ser mortos, e não há distinções entre esses jovens sem perspectiva que entraram para o exército quase sempre por necessidade e nem sempre por convicção. Ao morrer repetidamente no filme, Bill Cage representa esses muitos soldados num só.
 
É tragicamente absurdo que a humanidade repetidamente se sujeite a isso, então é de fato como se estivéssemos num encontro entre o nonsense de Feitiço de Tempo – Tom Cruise faz um homem da mídia como Bill Murray fazia, e Bill Paxton preenche o papel de alívio cômico como Stephen Tobolowsky na comédia de 1993 – e o absurdo fascistoide de Tropas Estelares (a propaganda da guerra, crucial no filme de Paul Verhoeven, é a primeira coisa que Bill Cage revê diariamente quando desperta da morte).
 
Coloque no meio elementos tirados de Matadouro 5 (o trauma da guerra vivido no repeat), Distrito 9 (transformar o observador cínico em protagonista), Matrix Revolutions (exoesqueletos duros contra aliens tentaculares maleáveis, uma das principais alterações em relação ao livro) e A Identidade Bourne do próprio Doug Liman (a repetição torna Bill Cage um Jason Bourne, seus reflexos condicionados à sua memória) e temos uma mistura bem pensada para provocar reflexão e, ao mesmo tempo, entreter o público.
 
No Limite do Amanhã termina mais apaziguado do que começou, ao encontrar na subtrama romântica do menino-encontra-menina uma saída talvez previsível e segura, sem testar os limites de sua sátira política como Verhoeven testava em Tropas Estelares. Isso não significa, porém, que é um blockbuster inofensivo. Na verdade, ao emular a dinâmica de checkpoints dos games de guerra e tiro, Liman aproveita para criticar o vazio desses jogos – em que morrer não significa nada além da contagem de cabeças. Se as guerras hoje se fazem no joystick, No Limite do Amanhã ajusta seu comentário aos novos tempos.
 
No Limite do Amanhã
Edge of Tomorrow 
EUA , 2014 – 113 minutos 
Ação / Ficção científica
 
Direção: 
Doug Liman
 
Roteiro: 
Christopher McQuarrie, Jez Butterworth, John-Henry Butterworth
 
Elenco: 
Tom Cruise, Emily Blunt, Bill Paxton, Brendan Gleeson, Noah Taylor, Jonas Armstrong, Tony Way, Kick Gurry, Franz Drameh, Dragomir Mrsic, Charlotte Riley
 
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Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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