“Estou aqui pra comunicar oficialmente, com muita tristeza, que, depois do Carnaval de 2014, não mais farei parte da banda Chiclete com Banana”, disse Bell Marques em um vídeo que divulgou na internet na última semana.
Foi assim que ele anunciou, na terça-feira, a saída dele da banda de axé que fundou e da qual é líder há mais de 30 anos.
Na sexta-feira, ele recebeu o Fantástico para uma entrevista exclusiva. Emocionado, Bell contou por que decidiu deixar uma das bandas mais tradicionais do carnaval da Bahia.
“Eu estava infeliz e não estava satisfeito. E a música você precisa estar completo, você precisa estar 100% completo”, explicou o cantor.
A decisão foi pensada durante quase um ano, desde o último carnaval.
“Eu não conseguia dar um sorriso nesse carnaval. Eu fiz um esforço monstruoso. Eu disse: ‘Cara, o que está acontecendo comigo?’. A decisão de sair enquanto tudo está funcionando é muito difícil. Normalmente as pessoas saem quando tudo deixa de funcionar. Algumas pessoas falam: ‘Mas você é feliz, você tocava numa banda que fazia show pra 30 mil pessoas, que tinha uma condição financeira boa, que tinha muitos amigos, uma família maravilhosa’. Tudo isso faz parte da felicidade, mas tem algumas coisas que você vai perdendo.
Depois do anúncio, surgiram boatos sobre uma briga entre os integrantes.
Fantástico: Havia ou não desavenças de você e a banda, equipe técnica? Havia essa desavença?
Bell: Não brigamos, não tivemos nenhum problema mais grave, não tivemos problemas financeiros. Nada disso. É somente um problema mesmo de que tem alguma coisa errada. Nós precisamos parar para acertar essa coisa errada.
Para Bell, o problema que detonou a separação foi mesmo o desgaste de três décadas juntos.
Bell: Quando você acaba convivendo com muitas pessoas muito tempo. Nós fizemos muitas reuniões: ‘O que tá acontecendo?’ Nós não conseguimos mais sorrir no palco. Nós não nos divertirmos internamente. O dia a dia lhe tirava isso, muitas viagens, muitos shows, ensaios e etc. Tudo isso, você vai perdendo esse ânimo.
O Chiclete com Banana gravou 27 discos e faz, em média, 130 shows por ano. Para o público, o Chiclete com Banana parecia continuar com a mesma energia.
A imagem é impressionante. A banda arrasta um mar de gente no carnaval de Salvador. Os abadás para os shows são os mais disputados, os mais caros. Os fãs são chamados de "chicleteiros".
“Meu corpo está dividido ao meio. Sou metade Chiclete com Banana, metade Bell Marques”, afirmou um fã.
“Mas, eu como fã do chiclete com Banana, fã de Bell, eu acho que eles têm que voltar, têm que estar juntos sempre porque o povo pede isso”, disse Durval Lelys, vocalista da banda Asa de Águia.
Mas a decisão é definitiva. Bell Marques e Chiclete com Banana seguem tocando juntos só até o próximo carnaval.
Bell: Aí você vai me perguntar assim: ‘E se vocês derem essa energia e continuarem nessa energia bacana que vai ter?’ Não vamos conseguir. Já tentamos, já fizemos e vamos voltar. E se eu der essa energia e chegar no Carnaval e isso tudo cair aí eu saio definitivamente e deixo de cantar. Não existe ninguém que seja mais ‘chicleteiro’ do que eu. Eu vou sair ali. Esse nome vai fazer parte da minha história. Para sempre, as pessoas vão dizer: ‘Ali vai Bell do Chiclete com Banana’. Eu não vou conseguir tirar isso da minha vida.
Bell Marques quer seguir carreira solo
“Vou continuar cantando os mesmos estilos musicais. Obviamente que eu vou acrescentar algumas coisas, que eu não tinha a oportunidade de fazer com o Chiclete com Banana, mas eu vou fazer coisas bacanas. Eu tenho certeza que todo mundo que me acompanhar vai ver coisas bem legais”, garantiu Bell.
Na última sexta, a banda fez o primeiro show após o anúncio da saída de Bell. Foi no interior da Bahia. Bell teve que segurar a emoção.
“Vai ser muito difícil, eu não sei nem se eu vou conseguir cantar, mas se eu não conseguir, cantem por mim, por favor”, pediu o cantor.
Globo