Circuito Cinema

Mulheres indianas batalham na Justiça para serem maquiadoras em Bollywood

 
É a justiça que irá decidir se é constitucional ou não a proibição de as mulheres exercerem a função de maquiadoras no país que mais filmes produz ao ano no mundo, explicou à Agência Efe a advogada Jyotika Kalra.
 
Um acordo sindical, da associação de trabalhadores em figurino, maquiadores e cabeleireiros de cinema (CCMAA), estabelece que só os homens podem trabalhar como maquiadores, para garantir emprego em um setor que de outra forma seria dominado por mulheres.
 
O argumento é que sem esta estipulação, praticamente só as mulheres trabalhariam na indústria, não somente do cinema, mas também da televisão, da publicidade e em qualquer atividade em que a imagem pessoal é essencial.
 
As mulheres só são admitidas como cabeleireiras, mas não como maquiadoras, nos diferentes estúdios de cinema que se distribuem pelo imenso país asiático, desde Mumbai, no litoral do mar de Arábia até Calcutá no extremo oposto, na baía de Bengala.
 
O diretor do sindicato, Sharad Shelar, reconheceu que esta associação profissional não terá outra opção além de "fazer o que o Supremo decidir".
 
Shelar disse à Agência Efe que caso a decisão do alto tribunal seja contrária ao monopólio dos homens como maquiadores, "será preciso discutir" como levá-la à prática em um ambiente profissional acostumado por décadas a que elas se limitem ao penteado.
 
Uma conhecida maquiadora de Mumbai, Namrata Soni, lembrou que durante mais de uma década tentou trabalhar neste setor e teve que brigar com o sindicato: "Vinham e te tiravam das sessões, nos ameaçando para que não trabalhássemos".
 
"Luto duro há dez anos apoiando esta reivindicação, mas tristemente no começo éramos somente cinco e ninguém queria nos apoiar. Agora estou encantada que o assunto tenha ido tão longe, porque somos muitas mulheres que querem trabalhar como maquiadoras em Bollywood", relatou Soni à Efe.
 
O pedido das maquiadoras se fundamenta em artigos da Constituição indiana que impedem qualquer tipo de discriminação por gênero, incluída a profissional, dentro do parágrafo de direitos fundamentais da Carta Magna do país asiático.
 
A Índia supera Hollywood em número de filmes, com cerca de mil longas produzidos em Bollywood e nos outros pontos nevrálgicos do setor cinematográfico no gigante asiático, o dobro que a produção americana.
 
Ir ao cinema é um dos principais hábitos na Índia. Seus 1,25 bilhão de habitantes anualmente compram 3,6 bilhões de entradas, o que supera amplamente os Estados Unidos, o país com mais salas de projeção.
 
UOL

Redação

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