Promotora da 28.ª Promotoria de Justiça Criminal de Cuiabá, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria pediu a suspeição do juiz Wladymir Perri, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, no caso do atropelamento e morte de Ramon Alcides Viveiros pela bióloga Rafaela Screnci em 2018 em Cuiabá.
Familiares de Ramon, que atuam como assistentes de acusação, pediram a suspeição alegando que há história pregressa entre Perri e o pai de Ramon, o procurador aposentado Mauro Viveiros.
A representante do MP concordou com os argumentos e citou que o problema surgiu quando Mauro Viveiros atuava como corregedor-geral do Ministério Público e se deparou com um caso envolvendo o juiz Wladymir Perri, que atuava então na Comarca de Rondonópolis.
Viveiros apurou uma notícia de que um promotor daquele município teria “abandonado o plenário” do Tribunal do Júri em novembro de 2013.
“Ao fim daquela investigação em que foram ouvidos jurados, policiais e servidores e o sindicado, apurou-se que a alegação partira desse Juiz de Direito, então Presidente do Júri, Wladymir Perri, e não era verdadeira. A sindicância comprovou que os conflitos entre o Promotor de Justiça e esse Magistrado ocorreram em razão da desorganização dos trabalhos na Vara do Júri daquela Comarca”, citou a promotora.
Por causa disso Viveiros comunicou à Corregedoria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso os episódios envolvendo Perri e a promotora entendeu que isso gerou “rancor”.
“As diversas comunicações feitas pelo pai da vítima, […] à Corregedoria-Geral de Justiça, inclusive os resultados da sindicância, […], geraram ressentimentos no excepto. Ao ver que seus atos na condução dos julgamentos do Tribunal do Júri e a sua extravagante postura em relação ao Promotor de Justiça e a Defensoria Pública foram submetidas ao crivo da Corregedoria-Geral por iniciativa do Corregedor-Geral, o Magistrado tomou a comunicação como uma ofensa pessoal, passando a cultivar contra ele inequívoco sentimento de rancor”, disse Faria.
A promotora também citou outra situação, de quando o juiz já estava atuando na capital e encontrou Mauro Viveiros em um shopping center, ocasião em que teria o abordado de modo ríspido e em tom desafiador. Mencionou ainda que Perri deixou de priorizar 9 processos com réu preso e outros 75 processos conclusos para escolher este processo.
Inocentada
A professora Rafaela Screnci Da Costa Ribeiro foi inocentada do acidente que matou dois jovens em frente a boate Valley Pub, na madrugada de 23 de dezembro de 2018, em Cuiabá, após decisão do juiz Wladimir Perri, proferida na noite do dia 16 de dezembro.
A decisão levou em conta avaliação das conclusões técnicas contidas no laudos periciais anexados aos embargos de declaração. Um dessas avaliações diz que “as vítimas, notoriamente, assumiram um risco proibido na utilização da via pública, violando completamento o princípio da confiança que deve ser observado entre os seus usuários”.
Em outro trecho do embargo, é dito que que por mais trágicos e chocantes que tenha sido o acidente, é “inconcebível” imaginar que 3 jovens tenham se proposto a realizarem uma travessia ignorando os veículos que nela trafegavam, parando, recuando, dançando sobre a pista de rolamento.