O Ministério Público informou que investigará a incitação a crime ambiental e homofobia durante um rodeio realizado pelo Circuito Nortão de Rodeio Bulls, em Marcelândia, 700 km de Cuiabá, em uma apresentação de um palhaço conhecido como Estrelinha.
A organização do evento diz que a fala do humorista não representa a opinião e os valores da empresa. A reportagem não conseguiu informações sobre contatos do artista até o momento.
No vídeo, disponibilizado nas redes sociais para a transmissão do evento ao vivo pela internet, é possível ver o palhaço entrando na arena vestido de caçador, com uma espingarda de brinquedo em mãos. Nesse momento, ele pergunta para o locutor Pena Branca se ele sabia qual era a “maior alegria e a maior tristeza de um caçador”.
O apresentador responde que não. Então o palhaço diz: “A maior alegria do caçador é matar uma onça, tirar o couro e estender na sala da sua casa. E a maior tristeza é ter um filho ‘viado’ em casa e não poder matar’.
Depois disso, enquanto um trecho de música com letra homofóbica toca na arena, o palhaço “mata” uma pessoa vestida de onça.
Em nota à imprensa, o Circuito Nortão de Rodeio Bulls disse que a fala do profissional contratado para o evento não representa a opinião e os valores da empresa.
“Para que episódios como esse não se repitam, comunicamos tanto com o profissional como todos os demais prestadores de serviço no evento nossa repulsa às falas, repreendendo-os que atitudes ou opiniões como essa não serão toleradas”.
A empresa pediu desculpas “a todos que tenham se sentiram ofendidos” e disse que “falas preconceituosas não têm mais lugar na nossa sociedade”.
Crimes
A caça é proibida no Brasil. A única exceção é o javali. Desde 2013, a legislação autoriza o manejo do animal – ou seja, o abate para evitar que se reproduza de forma descontrolada, contamine rebanhos de porcos e destrua plantações. E desde que o animal não sofra maus-tratos.
Desde 2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu que declarações homofóbicas podem ser enquadradas no crime de racismo. A pena é de 1 a 3 anos, podendo chegar a 5 em casos mais graves.