Jurídico

MP diz que juiz agiu com vingança contra pai de vítima e pede suspeição no TJ

O Ministério Público do Estado (MPE) quer que o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) declare a suspeição do juiz Wladymir Perri, que atua na 12ª Vara Criminal de Cuiabá, no processo contra a bióloga Rafaela Screnci, acusada de atropelar e matar os jovens Mylena de Lacerda Inocêncio e Ramon Alcides Viveiros.

O recurso foi movido após o magistrado desclassificar a conduta atribuída à motorista, impedindo que a ré fosse à júri popular. Só que, logo depois, na última sexta-feira (16), o juiz decidiu pela absolvição sumária de Screnci.

Para o MP, Perri utiliza do cargo para se vingar do pai de Ramon, o procurador de Justiça aposentado, Mauro Viveiros, com quem nutri suposta animosidade.

Ao longo do recurso, a promotora de Justiça Marcelle Rodrigues da Costa e Faria explicou que a inimizade surgiu após Viveiros, na condição de corregedor-geral do MP denunciou ao TJ, em 2013, possível conduta irregular do magistrado, quando atuava no Tribunal do Júri de Rondonópolis, o que resultou numa sindicância contra Perri.

Diante das provas e alegações apresentadas pela família de Ramon, que atua no processo como assistente da acusação, a promotora acredita que o juiz, ao ser removido para a 12ª Vara Criminal da Capital, encontrou oportunidade para o “acerto de contas”.

A promotora também questionou o fato de o processo, considerado complexo, ter sido julgado em tempo recorde: 24 dias após Wladymir Perri assumir a vara. Além disso, pontuou que, dentre nove processos de réus presos e 75 demandas conclusas, escolheu a presente ação para julgar.

“Conforme concluído pelo Assistente de Acusação após verificar as informações da Corregedoria da Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso, o excepto elegeu o presente processo para atingir o seu desafeto, em notório ato de vingança, sequer dando-se ao trabalho de decidir ao menos um daqueles processos que se achavam há meses aguardando decisão e que mereciam prioridade”.

“O excepto, aproveitando-se da autoridade que o Estado lhe confere para exercer a nobre atividade da prestação jurisdicional, deu vazão a um sentimento pessoal desprezível, em manifesta ofensa à dignidade da Justiça, vulnerando os princípios da imparcialidade e da identidade física!”, completou a promotora.

O caso

O acidente ocorreu no dia 23 de dezembro de 2018, nas proximidades da casa noturna Valley Pub, em Cuiabá. Além de Mylena e Ramon, a bióloga também atropelou Hya Giroto Santos, que sofreu graves lesões corporais.

Rafaela Screnci responde pelos fatos na seara criminal e na cível, onde familiares de uma das vítimas requer a condenação da ré ao pagamento de indenização.

Redação

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