Jurídico

Ministério Público pede novo afastamento de prefeita de Juara

Por meio da 1ª Promotoria de Justiça Cível de Juara, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPE) ingressou com uma nova ação civil pública contra a prefeita da cidade, Luciane Bezerra, e o ex-procurador-geral do município, Leonardo Fernandes Maciel Esteves. Eles são acusados por ato de improbidade administrativa. Desta vez, as fraudes giram em torno da contratação da prestação dos serviços de coleta de resíduos sólidos e de limpeza urbana.

Além dos dois, também foram acionados o secretário de Cidades, João Cândido de Oliveira; os servidores públicos Antônio Batista da Mota e Flávia Cavichioli da Silva; o empresário Adnan José Zagatto Ribeiro e a empresa Cosmotron Construtora, Saneamento e Tecnologia Ltda.

Na ação, o MPE requer a indisponibilidade de bens dos acusados no valor total de R$ 1.459.896,37 e o afastamento cautelar da prefeita Luciane Bezerra e dos servidores Leonardo Fernandes e Antônio da Mota da Prefeitura de Juara. Atualmente, a prefeita encontra-se afastada das funções por força de decisão judicial proferida em outra ação civil pública proposta pelo MPE.

De acordo com promotor Herbert Dias Ferreira, durante as investigações foram constatadas várias irregularidades no processo de contratação da empresa Cosmotron Construtora Saneamento Tecnologia Ltda para realização dos serviços de coleta de lixo e limpeza urbana da cidade de Juara.

Ele explica que a primeira contratação entre o município e a Cosmotron foi por meio de dispensa de licitação sob a justificativa de situação de emergência. O contrato foi prorrogado duas vezes por 210 dias, e custou aos cofres públicos o montante de R$ 789 mil. Somente depois disso é que houve a realização de um pregão e a mesma empresa foi à vencedora do certame.

O primeiro fato que chamou a atenção do MPE, em relação à contratação por dispensa de licitação, foi a agilidade das etapas que antecederam a sua efetivação. Todo o processo foi concluído em menos de 12 horas.

“Não há como negar, que a contratação já estava previamente arranjada! É fato que não há regulamento que verse sobre prazo para a prática de cada ato do procedimento, todavia, salta aos olhos que a mesma Administração que não presta adequadamente os serviços mais comezinhos à população juarense, ao argumento de que, por exemplo, a regularização do transporte escolar, a dispensa de medicamentos, a manutenção da pavimentação asfáltica urbana, etc., demandam organização e tempo para realização de procedimentos [seja para licitação ou para aquisição direta], conseguiu deflagrar, instruir, concluir e encaminhar à publicação um procedimento de justificação de dispensa de licitação em metade de um expediente”, ressaltou o promotor de Justiça.

O MPE argumenta ainda que a empresa contratada não possuía equipamentos e funcionários suficientes para atender a demanda de forma satisfatória. Tanto que a Prefeitura teve que ceder um caminhão e servidores a Cosmotron para prestar os serviços contratados. Além disso, o processo questiona também a situação de emergência apontada pelos gestores.

“Não havia situação de emergência que justificasse a contratação direta mediante dispensa de licitação da requerida Comostron, já que o Município de Juara/MT possuía, à época do fato, servidores públicos efetivos e contratados especificamente para área da coleta de lixo, bem como três caminhões para efetivação da coleta, sendo dois compactadores e um tipo caçamba. Tanto o é, que a coleta era realizada regularmente sem solução de continuidade”, afirmou.

Mesmo após a realização do pregão, o MPE ressalta que foi comprovada a realização de pagamento com valor superior ao que havia sido contratado, além da aplicação indevida de Recursos do Fethab em serviços diversos de transporte e habitação para pagamento à empresa.

“A empresa Cosmotron Construtora, Saneamento e Tecnologia Ltda, liderada pelo proprietário Adna Ribeiro, foi contratada ilicitamente, mediante dispensa de licitação, da qual tinha plena ciência. Ainda, posteriormente, após a sua contratação mediante procedimento licitatório na modalidade pregão nº. 058/2017, superfaturou as notas e relatório de pesagem do lixo coletado, recebendo valores superiores aos que lhe eram devidos, causando prejuízos aos cofres municipais e assim se beneficiando diretamente da prática ilícita”, finalizou o MPE.

Informações obtidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pela Câmara Municipal de Juara para apurar irregularidades na referida contratação também subsidiaram a ação proposta pelo Ministério Público, no dia 23 de maio.

Redação

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