O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta sexta-feira (9) que há no governo uma preocupação com a "variação grande" do preço do gás de cozinha. Acrescentou, porém, que ainda não há nenhuma decisão tomada sobre o assunto.
Mais cedo, o presidente Michel Temer afirmou que estuda uma maneira de baratear o preço do gás de cozinha para a população pobre, que, segundo ele, é quem mais sofre com o aumento no valor do item.
"Estou estudando uma fórmula de reduzir esse aumento para os mais pobres. Para os mais pobres, o gás de cozinha tem efeito grande. [A redução] é para logo", disse Temer.
O ministro Meirelles, porém, afirmou que ainda vai começar a conversar sobre esse assunto. Ele disse que iria falar com o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, e também com o presidente Michel Temer ainda nesta sexta-feira (9) sobre o tema.
"Uma das questões que eu vou conversar com ele [Temer] hoje é isso. De fato, a questão do preço do gás é relevante e vamos conversar sobre isso", concluiu.
No dia 18 de janeiro, a Petrobras anunciou que o preço do gás ficaria 5% mais barato nas refinarias. A empresa definiu novos critérios para reajustes do produto residencial e uma regra de transição para 2018, com o objetivo de reduzir o preço. A revisão de preços, que antes era mensal, passou a a ser trimestral. Mesmo assim, em várias cidades, o valor não caiu para o consumidor final.
Reforma da Previdência e empréstimos da Caixa
O ministro da Fazenda declarou que também conversaria com o presidente da República sobre a reforma da Previdência Social, que o governo busca aprovar na Câmara dos Deputados ainda em feverero.
"Eles estão trabalhando intensamente, o ministro [da Secretaria de Governo] Marun, o presidente [Temer], o Rodrigo Maia [presidente da Câmara dos Deputados], e nós também", acrescentou.
Henrique Meirelles lembrou que o Banco Central anunciou nesta quinta-feira (8) que os bancos que fizerem empréstimos a estados e municípios, tendo como garantia receitas de tributos recebidos por meio dos fundos de participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM), como a Caixa Econômica Federal, terão que fazer uma reserva maior de dinheiro para cobrir eventuais prejuízos nessas operações.
Questionado se a Caixa teria de "provisionar" mais recursos (deixar os recursos parados para fazer frente a eventuais perdas com os empréstimos para os estados e municípios) por conta dos empréstimos já concedidos, que somam R$ 42 bilhões, Meirelles declarou que a diretoria da Caixa fará essa avaliação, com revisão de seu Conselho de Administração.
Reunião do secretário-executivo da Fazenda com a JBS
Também nessa sexta-feira (9), o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, recebeu em Brasília o presidente de Operações Globais da JBS, Gilberto Tomazoni, e o presidente de Operaeções da empresa na Amércia do Sul, Wesley Batista Filho.
Após o encontro, Guardia afirmou que os executivos da JBS fizeram uma apresentação sobre a empresa e sobre as ações tomadas de aprimoramento de gestão corporativa.
“Mostrou um pouco dos números, que são públicos, do terceiro trimestre da empresa, de crescimento de vendas, de recuperação, e com uma ênfase muito grande no trabalho que a empresa vem fazendo para melhorar ‘compliance’ [disciplinas para fazer cumprir as normas legais]. Não teve nenhum pedido. Não tratamos de qualquer outro tema tributário”, declarou ele.
A JBS está envolvida em escândalo de corrupção investigada na Operação Lava Jato, que apura desvios na Petrobras nos últimos anos. No ano passado, foi divulgado grampo do então presidente da empresa, Joesley Batista, com gravações do presidente Michel Temer.
No áudio, Temer diz a frase “tem que manter isso”, em suposta referência a um bom relacionamento com o ex-deputado, Eduardo Cunha. Depois da divulgação, Temer enfrentou processo de “impeachment” no Congresso Nacional, mas não foi condenado a perder o cargo.
Questionado se não levanta suspeitas técnicos da Fazenda receberem administradores de uma empresa envolvida em um dos maiores escândalos de corrupção da história brasileira, Guardia disse que não tem “constrangimento” em receber “empresários que querem vir aqui falar do negócio, de economia e do país”.
“Recebi como recebo diversos outros empresários, de vários segmentos, setores, associações de empresários. Minha agenda é pública, não tenho absolutamente nada a esconder. O faço como qualquer outra empresa que queira vir aqui conversar”, declarou.
Guardia disse ainda que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que chegou a trabalhar como presidente do Conselho de Administração da J&F, controladora da JBS, sequer sabia do encontro.
“Minha agenda é pública, eu marco minhas reuniões, eu não tinha falado com o ministro sobre essa reunião. Foi um pedido a mim. Eu aceitei fazer a reunião. Em nenhum momento, eu falei com o ministro sobre esse tema”, afirmou.
Antes, o próprio ministro Meirelles declarou a jornalistas, ao deixar o Ministério da Fazenda, que não tinha participado da marcação da reunião e que também não sabia quais temas seriam discutidos.