O ex-deputado estadual por São Paulo e presidente nacional da legenda, Adílson Barroso, afirmou que se reunirá nesta sexta-feira (4) com Marina e não medirá esforços para convencê-la a se filiar ao PEN. O convite contempla a presidência nacional da sigla para Marina.
"De minha parte, coloco o partido à disposição. Estou suscetível a fazer todas as parcerias possíveis para salvar a candidatura de Marina. Vamos sentar, conversar e ver no que vai dar", afirmou.
Se quiserem disputar as próximas eleições, a ex-senadora e demais integrantes da Rede precisam escolher um partido e se filiar até amanhã (5), data que marca um ano da realização do primeiro turno das eleições de 2014.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aprovou o registro do PEN em junho de 2012. Em seu estatuto, o partido afirma que tem "como ensino de base os conceitos da social-democracia cristã, com ações e projetos que estejam voltados a ecologia". Atualmente, a sigla possuí três deputados federais: Nilmar Ruiz (TO), Berinho Bantim (RR) e João Caldas (AL).
Adílson Barroso diz que não há problemas no ingresso de Marina e membros da Rede porque os partidos defendem as mesmas plataformas. "No caso do PEN e da Rede não há diferenças. O PEN diz em seu estatuto que é o partido da sustentabilidade".
De acordo com o presidente da sigla, militantes da Rede em todo o país já procuraram o PEN diante das dificuldades do partido de Marina em obter o registro. "Em São Paulo, temos 240 pré-candidatos. Deste total, em torno de 10% vieram da Rede. Tenho recebido ligações do Brasil inteiro de militantes da Rede."
Diante da permanência de José Serra no PSDB, o PPS, que queria contar com o ex-governador de São Paulo para a disputa presidencial, teria mantido conversas com Marina nos últimos dias, o que o presidente nacional da legenda, deputado federal Roberto Freire (SP), nega. "O PPS não se presta a esse papel, seria muito oportunismo. Quem decide é Marina. Não sou eu que vou oferecer", disse.
Sinuca de bico
Sem a Rede, Marina fica diante de uma difícil decisão. Para cientistas políticos, caso opte por disputar a sucessão presidencial em outra legenda, poderá ter a imagem arranhada; se não participar do pleito do ano que vem, ficará fora do debate político nos próximos quatro anos.
"A transferência para outra sigla é algo negativo, pois ela tende a perder votos de uma parcela do eleitorado pelo fato de demonstrar que facilmente está disposta a fazer o mesmo jogo que os políticos costumam fazer. Ela tem uma imagem que não está ligada ao toma lá da cá", afirma o cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
"Se recolher pode ser negativo também. Se ela não disputar esta eleição, de alguma maneira perde o timing, porque só vai voltar a disputar em 2018", acrescenta Reis.
Para Francisco Fonseca, professor de Ciência Política da FGV-SP (Faculdade Getúlio Vargas de São Paulo), migrar para outra sigla "sem base e militância" prejudica Marina, mas pode ser a única saída. "É uma forma de sobrevivência. Ficar mais quatro anos fora do debate a enfraquece politicamente".
O cientista política acredita que a ausência do registro pode provocar um racha na Rede, na medida em que "políticos tradicionais" que compõem o partido dificilmente ficarão sem legenda em 2014.