Os dois haviam ido ao tribunal contestar as acusações de que Farzana teria casado contra a sua vontade após ter sido sequestrada por Igbal.A família era contrária ao casamento e por isso matou Farzana ao espancá-la e agredi-la com tijolos."Eles [os policiais] viram Farzana ser morta e não fizeram nada", disse seu marido Muhammad Iqbal.Casamentos arranjados são a norma no Paquistão e se casar contra a vontade da família é impensável em muitas comunidades profundamente conservadoras. Farzana era prometida a um primo.
O chefe de direitos humanos da ONU, Navi Pillay, disse que estava "profundamente chocado" e pediu que o governo do Paquistão tomasse "medidas urgentes e fortes".Muitas mulheres são punidas com a morte por parentes, acusadas de desonrar a família. Os chamados "assassinatos de honra" continuam a vitimar mulheres paquistanesas.Iqbal descreveu os policiais como "vergonhosos" e "desumanos" por não terem parado o ataque.
"Nós estávamos gritando por socorro, mas ninguém ouviu. Um dos meus parentes tirou a roupa para chamar a atenção da polícia, mas eles não intervieram", contou.O pai de Farzana Parveen depois se entregou à polícia, mas outros parentes que participaram do ataque ainda estão livres.
Ameaças
Iqbal afirmou que ele e sua família estavam sendo ameaçados. "Ontem [terça-feira], eles disseram que iriam roubar o cadáver. Viemos aqui com uma escolta policial", contou.O chefe da polícia local Mujahid Hussain disse que alguns deles foram presos e outros estão sendo investigados.Farzana vinha de uma pequena cidade nos arredores de Lahore. Seus parentes abriram um processo por sequestro contra Iqbal, seu marido, no Supremo Tribunal.
Os recém-casados foram ao tribunal de Lahore para contestar o caso, mas Farzana já havia inclusive testemunhado à polícia que havia casado por sua própria vontade.Iqbal disse à BBC que quando o casal chegou ao tribunal na terça-feira para contestar a ação, os parentes de sua esposa estavam lá e tentaram levá-la embora.Enquanto ela lutava para libertar-se, eles a arrastaram, a jogaram no chão, atiraram-lhe tijolos e esmagaram sua cabeça. Ela morreu na calçada.A Comissão de Direitos Humanos do Paquistão diz que 869 mulheres foram mortas em "assassinatos de honra" no país no ano passado, embora acredita-se que o número real possa ser maior.
G1