O Ministério Público do Estado (MPE) denunciou novamente a tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, pela prática de tortura. De acordo com a denúncia, que foi formalizada no último dia 21, pelo promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta, o caso ocorreu em 2016.
A tenente já foi condenada por maus-tratos após a morte do aluno Rodrigo Patrício Lima Claro.
O novo processo se refere ao aluno Maurício Júnior dos Santos que, em 2016, teria sido submetido a intenso sofrimento físico e mental por parte de Izadora Ledur, que agiu como forma de lhe aplicar castigo pessoal.
Na ação consta que o caso ocorreu na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, e narra que enquanto Maurício atravessava a lagoa, ele começou a sentir câimbras e foi auxiliado por outros alunos.
Segundo o promotor, Ledur determinou que os demais alunos seguissem a travessia e deixassem Mauricio para trás – quando ela começou a dar “caldos” (afogamentos) na vítima.
“A partir daí, como forma de aplicar castigo pessoal, a denunciada passou a torturar física e psicologicamente a vítima, quando, além de proferir palavras ofensivas, utilizando a corda da boia ecológica iniciou uma sessão de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes”, diz trecho da denúncia.
De acordo com o promotor, após vários “caldos”, Maurício, após engolir muita água e ter gritado por socorro, segurou os braços da tenente, implorando para que ela parasse.
O promotor seguiu relatando que Maurício vomitou bastante água e, mesmo diante da situação, a tenente exigiu que o aluno retornasse à lagoa. A denúncia conta, ainda, que Maurício passou mal, com fortes dores de cabeça e acabou sendo levado à Policlínica do Coxipó, para atendimento médico.
“Ante o exposto, o Ministério Público do Estado do Mato Grosso denuncia a militar 1º Ten BM Izadora Ledur de Souza Dechamps como incursa nas sanções do artigo 1º, inciso II, c/c o §4º, inciso I, da Lei n. 9.455/1997, requerendo que, recebida e autuada esta, seja instaurado o devido processo penal, citando a denunciada, enquanto ré, e ouvindo-se, oportunamente, as pessoas abaixo arroladas, com o prosseguimento dos demais atos processuais até a final sentença condenatória”, pediu o MPE.
Caso Rodrigo Lima Claro
A prática de tortura, imputada à Ledur, não é novidade. A tenente chegou a ser processada por causar a morte do aluno Rodrigo Patrício Lima Claro, que faleceu após sessões de afogamentos, também em treinamento na Lagoa Trevisan, no ano de 2016.
Apesar de ser denunciada por tortura, a tenente foi condenada pelo crime de maus-tratos, devendo cumprir a pena de um ano de prisão, em regime inicial aberto.