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Jovem passa por 10 procedimentos cirúrgicos para parecer oriental no RS

 
Morador de Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos, Rio Grande do Sul, é graduado em Jogos Digitais e realiza trabalhos como modelo para um site que divulga acessórios orientais para adolescentes. Ao todo, foram realizados 10 procedimentos cirúrgicos apenas nos olhos, sendo uma operação maior e outras correções menos invasivas. Além disso, alterações na cor do cabelo e o uso de maquiagens fazem o contraste se tornar mais explícito. Aos 15 anos, ele era loiro e de olhos azuis, com uma aparência de descendente de alemães, típica da região. A mudança drástica chama a atenção das pessoas.Acho normal modificar a aparência. Eu usava lentes para deixar o olho azul, explica.
 
O interesse em fazer modificações por meio de cirurgias plásticas surgiu quando, ainda estudante, passou por um intercâmbio na Universidade Dongseo, na Coreia do Sul. A paixão pela nova cultura conhecida rapidamente se transpôs para a aparência dos orientais. Por mais que o procedimento possa parecer curioso, lá já é considerado bastante comum, mas no movimento inverso.
 
"Os coreanos fazem muitas cirurgias para modificar a forma dos olhos e ficarem mais parecidos com ocidentais. Era fácil de perceber quando um deles tinha feito, por saírem na rua de óculos escuros e máscara respiratória de pano", conta. O país é considerado "campeão" em quantidade de plásticas no mundo. A procura é tão intensa que hospitais já começaram a emitir documentos comprovando que os turistas se submeteram a operações, para caso não sejam reconhecidos nas fotos de passaportes, na volta para casa.
 
Xiahn, como ficou conhecido nas redes sociais, prefere não divulgar seu nome de registro para evitar perseguição contra sua família na internet. O medo tem a justificativa de que, desde que as pessoas souberam mais sobre sua história, começaram a adicionar parentes e falar sobre como gostaram ou reprovaram sua atitude. "Uma senhora disse que não admitiria que um filho seu fizesse o mesmo. Eu entendo. As pessoas têm gostos diferentes", acredita.
O discurso de tolerância não é uma constante apenas do repertório do jovem, mas começou a fazer parte da família. 
 
Segundo ele, a mãe, que é fisioterapeuta, não aceita bem intervenções cirúrgicas se não forem apenas para a saúde ou para corrigir problemas estéticos que prejudiquem muito a vida de alguém. Mesmo assim, depois do susto inicial, ela entende que se isso o torna feliz, então é a decisão correta. "Na primeira vez que me viu, ficou muito preocupada. Meu rosto ainda estava bastante roxo e inchado", conta. Ela teria questionado se o procedimento não causaria problemas de visão. "Por mais que o tamanho do olho tenha diminuído um pouco, consigo enxergar normalmente", afirma.
 
A opção por mudar o formato dos olhos não foi automática. Antes, cogitou fazer modificações no nariz e nos lábios, mas achou que os tamanhos atuais já eram suficientes para atingir o visual pretendido. Não foi fácil conseguir algum profissional que se dispusesse a fazer o procedimento, que é pouco comum no país. Xiahn precisou conversar com muitos médicos e explicar exatamente o que queria, até que um deles disse que não realizaria o procedimento, mas que poderia indicar alguém que o fizesse."Fui, de uma certa forma, cobaia deste experimento. Ele me explicou o que conseguiria fazer e como ficaria. Não me arrependo", pontua.
 
Ao todo, foram gastos quase R$ 7 mil com os procedimentos. O mais caro foi o primeiro, em janeiro do ano passado, por envolver cortes e necessitar de uma anestesia mais profunda. As outras nove intervenções foram apenas para correções, com o objetivo de diminuir o espaço entre uma pálpebra e outra. Xihan conta que o primeiro resultado não o agradou por ser extremamente grande, apesar de já parecer oriental."Tem gente que acha que os olhos orientais são todos iguais. Eu, felizmente, já cheguei ao formato ideal", conta, explicando que não pretende fazer novos procedimentos.
 
Na época, o jovem fazia estágio em uma empresa de tecnologia da informação em São Leopoldo, também no Vale do Sinos, e cursava graduação. O trabalho nunca foi um impedimento, já que não atendia ao público diretamente. "As pessoas ficavam um pouco preocupadas e perguntavam se isso estava me fazendo bem. Era como uma família. Quando eu disse que sim, fui muito apoiado", lembra.
 
Já na universidade e na rua, as reações eram as mais diversas. Devido aos hematomas pós-operatórios, algumas pessoas perguntavam se ele tinha caído ou sido agredido. Para disfarçar e evitar os questionamentos, o jovem optou por utilizar um óculos como disfarce. Como se formou recentemente, teve que deixar o estágio e procura uma nova função na área. Depois da divulgação do resultado da cirurgia na internet, o jovem relata que tem recebido diversos convites de trabalho.
 
Depois de tanto esforço, Xiahn relata que aproveita o resultado com satisfação. Ele explica que muitos ainda acham um absurdo a mudança pela qual passou. "Independentemente de qualquer religiosidade que possam ter, eu acredito que só tenho uma vida e que se não puder ser quem eu quiser agora, nunca mais conseguirei", finaliza.
 
G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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