O goleiro Aranha está tranquilo antes de reencontrar com o Grêmio na noite desta quinta-feira, às 20h30 (de Brasília), na Arena, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro. Este será o primeiro duelo entre as equipes depois de o camisa 1 do Peixe ter sido chamado de “macaco” pela gremista Patrícia Moreira. Apesar disso, ele não está vendo o jogo como uma chance de se vingar.
O santista, vítima de injúrias raciais na partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, está vendo o reencontro desta quinta-feira como “normal”. Pessoas próximas a ele relatam que o comportamento do goleiro não mudou nos últimos dias por causa do jogo na Arena Grêmio.
Do dia 28 de agosto, quando foi chamado de “macaco”, até esta quinta-feira, Aranha falou duas vezes com a imprensa. Na última, depois de ajudar o Santos a superar o Vitória por 2 a 1, o camisa 1 desculpou Patrícia Moreira pelas injúrias raciais, mas deixou claro que espera que a justiça seja feita e ela pague pelo o que cometeu. O tom de voz do goleiro, porém, não levantou em momento algum da entrevista coletiva.
É com esse comportamento tranquilo que ele vai entrar em campo nesta quinta-feira. O técnico Enderson Moreira também espera que os fatores extra-campo não atrapalhem o desempenho dos santistas, que buscam a segunda vitória fora de casa no Campeonato Brasileiro.
– É motivo para conversarmos com o grupo. Já conversamos sobre esse retorno à Arena. O importante é os atletas estarem tranquilos, que eles entendam que o jogo é importante para estarmos atentos. É essa a conversa que estamos tendo. Conversamos com um ou outro atleta. O foco tem de ser o jogo – disse o comandante santista.
Assim como Aranha, o treinador está tranquilo. Nem as declarações do Felipão, que insinuou uma suposta “armação” do camisa 1 do Peixe, deixam Enderson preocupado. O técnico acredita que o que o gremista falou não irá interferir na partida e prega respeito pelo adversário.
– Sinceramente, eu acho que isso (declarações do Felipão) não interfere. Não estamos preocupados com o que acontece fora de campo. Acima de tudo, temos de nos respeitar sempre. Todos somos profissionais e queremos fazer o trabalho da melhor forma possível. Vamos sofrer pressão da torcida, vão tentar nos desestabilizar, mas isso acontece sempre quando o time joga fora. O que determina o resultado é o que acontece dentro das quatro linhas – disse o treinador.
Relembre o caso
O incidente no jogo entre Grêmio e Santos, na Arena do Grêmio, em 28 de agosto, ocorreu aos 42 minutos do segundo tempo, quando Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira Sampaio, alegando ter sido vítima de xingamentos por parte da torcida. O goleiro registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia na sexta.
A maior repercussão recaiu sobre uma jovem mostrada pelas imagens do canal ESPN. Patrícia Moreira, 23 anos, foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Em 4 de setembro, prestou depoimento à polícia e, na sexta, pronunciou-se à imprensa, pedindo desculpas a Aranha e ao Grêmio, sob forte comoção. No total, dez pessoas já foram ouvidas pela polícia, que ainda não concluiu o inquérito.
As injúrias raciais proferidas por torcedores gremistas contra o goleiro tiveram outro desdobramento. Em julgamento no dia 3, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu, por unanimidade, excluir o Grêmio da Copa do Brasil. No primeiro duelo das oitavas de final, os paulistas bateram os gaúchos por 2 a 0. Haverá julgamento em segunda instância, no Pleno do STJD, ainda sem data oficializada.
Globo Esporte