Foto do dia 1º divulgada nesta terça (3) mostra os destroços do avião russo A321 em Wadi al-Zolomat, no Egito (Foto: Maxim Grigoryev/Ministério de Emergencias da Rússia/via AFP)
A Inglaterra afirmou nesta quinta-feira (5) que há uma significativa possibilidade de que um grupo ligado ao Estado Islâmico esteja por trás de um suposto ataque a bomba que derrubou um avião russo sobre o Egito no fim de semana, segundo a Reuters. O Egito afirma que não há evidências de que a aeronave sofreu um ataque, informou a CNN.
O Airbus A321M operado por uma empresa russa caiu no sábado (31) após decolar do balneário de Sharm Al-Sheikh, no Mar Vermelho, a caminho de São Petersburgo. No total, 224 pessoas morreram.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que não há "certeza" de que uma bomba tenha provocado o desastre, mas que essa hipótese é “cada vez mais provável”.
Mais cedo, quando questionado se pensava que militantes do Estado Islâmico estariam por trás do desastre, o secretário inglês de Relações Exteriores, Philip Hammond, ressaltou que o Província do Sinai [grupo leal ao Estado Islâmico] reivindicou responsabilidade pelo atentado logo após a queda.
“Olhamos todas as informações, incluindo a reivindicação, mas claro que outras informações também, e concluímos que há uma possibilidade significativa", disse Hammond à rede de TV Sky.
Conversa entre Cameron e Putin
Nesta quinta-feira (5), David Cameron telefonou para o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir a suspeita de atentado a bomba. O Kremlin informou em um comunicado que Putin disse a Cameron que deve-se "trabalhar com os dados da investigação oficial". Os líderes trocaram opiniões sobre o desastre aéreo e analisaram assuntos relativos à "luta conjunta contra o terrorismo internacional".
Na quarta-feira (4), a rede de TV americana CNN disse que as agências de inteligência americana sustentam que uma bomba do Estado Islâmico poderia ter derrubado o avião. A emissora citou uma fonte anônima do governo, que deixou claro que isso não se trata de uma conclusão oficial.
Para as autoridades egípcias, que lideram as investigações, no entanto, não há evidências de que uma bomba teria provocado a queda do avião. A equipe que investiga o desastre vai examinar se havia algum material explosivo a bordo do avião, segundo a Reuters. A afirmação foi feita por Alexander Neradko, chefe da agência de aviação russa Rosaviatsia, ao canal de televisão Rússia 24. As suas primeiras conclusões devem sair em poucos meses.
Voos suspensos
A Ucrânia proibiu nesta quinta-feira (5) que suas companhias aéreas sobrevoem a península egípcia do Sinai. "Está proibido sobrevoar após o ponto de navegação aérea PASOS (que passa pelo espaço aéreo egípcio)", indicou uma ordem do serviço nacional de aviação ucraniano.
Também nesta quinta, a companhia aérea alemã Lufthansa suspendeu por precaução seus voos para o balneário egípcio de Sharm el Sheikh. A medida afeta dois voos semanais das filiais Edelweiss e Eurowings, informou um comunicado do grupo.
A empresa vai organizar, em coordenação com o ministério alemão das Relações Exteriores, a repatriação de seus clientes bloqueados no Egito.
Na quarta-feira (4), o governo britânico já tinha anunciado que voos programados para saírem de Sharm el Sheikh para o Reino Unido seriam postergados por precaução. O Egito informou a decisão foi tomada sem consultar as autoridades do país, apesar de contatos próximos entre os dois países e de um reforço nas medidas de segurança, segundo a Reuters.
A ramificação egípcia do Estado Islâmico afirmou que vai contar ao mundo como realizou o ato no momento que considerar adequado. O grupo egípcio Província de Sinai afirmou em nota, no dia do incidente, que havia derrubado a aeronave "em resposta a ataques aéreos russos que mataram milhares de muçulmanos em solo sírio". Novas imagens de minutos após a queda do avião foram divulgadas pela rede britânica BBC.
Operação de emergência
O governo britânico prepara medidas de emergência para retirar seus cidadãos da cidade turística egípcia de Sharm el-Sheikh, popular ponto turístico do Mar Vermelho. Quase 900.000 turistas britânicos visitam o Egito a cada ano, segundo a Agência France Presse.
"Estamos trabalhando agora com as companhias aéreas e as autoridades egípcias para aplicar medidas de emergência a curto prazo que permitirão retirar de forma segura os turistas britânicos que estão em Sharm", disse o ministro das Relações Exteriores, Philip Hammond, ao canal Sky News.
O primeiro-ministro, David Cameron, convocou uma reunião de emergência sobre a questão. Ele também tem um encontro previsto com o presidente egípcio Abdel Fatah al-Sisi, cujo país necessita desesperadamente do dinheiro do turismo e que será afetado pelas medidas britânicas.
"Esperamos que as medidas de emergência sejam aplicadas a partir de amanhã para que as pessoas com voos previstos para ontem e hoje comecem a viajar na sexta-feira", disse Hammond.
"As medidas serão aplicadas enquanto transportamos os turistas britânicos que estão atualmente em Sharm el-Sheikh na próxima semana ou 10 dias", completou.
Hammond acredita que a retomada dos voos regulares entre o Reino Unido e a popular localidade turística do Mar Vermelho, também suspensos, deve demorar mais tempo.
"Não posso dizer se serão dias, semanas ou meses. Esperamos que seja possível, talvez antes das festas de Natal e Fim de Ano, declarar Sharm el-Sheikh um local seguro e retomar as operações entre o Reino Unido e Sharm".
Fonte: G1