Cidades

Hospital vive pior fase da história

O pronto-atendimento está fechado por falta de especialistas. Pacientes enfrentam longas viagens por estradas quase intransitáveis em busca de atendimento e encontram um cadeado na porta do PA. Lá dentro da unidade, servidores denunciam perseguição e falta de condições de trabalho.
 
O Fórum Intersetorial de Saúde Mental de MT (FISM), movimento social em prol da Política Nacional de Saúde Mental, alinhado ao movimento de Luta Antimanicomial do Brasil, tem diversas denúncias de descaso e abandono do Adauto Botelho, que vão desde a falta de planejamento, precariedade da estrutura física, falta de médicos e até problemas políticos. Para a entidade, o Estado quer sucatear o hospital para justificar a entrega da gestão a uma Organização Social de Saúde (OSS). 
 
A entidade faz críticas ao modelo de gestão, baseada nas famigeradas OSSs, que funcionam como administradores das unidades estaduais de saúde, implantadas na gestão do atual governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB). 
 
“O que vem ocorrendo desde o final do governo de Blairo Maggi e início do governo Silval Barbosa é uma culpabilização dos servidores da saúde do Estado pelo caos da saúde. Essa foi a primeira estratégia para justificar a contratação de OSSs: ‘servidores concursados ganham muito e não trabalham direito porque não podem ser mandados embora’. Os funcionários são obrigados a reportar qualquer manifestação à assessoria de imprensa da SES ou ao próprio secretário de Saúde, sob pena de serem punidos”, dizem membros do FISM.
 
A entidade denuncia ainda que, apesar de ser o único hospital de saúde mental no Estado, o Adauto Botelho não faz parte do Plano Estadual de Saúde. “Os servidores têm recorrido ao Ministério Público Estadual e Federal para frear essa insanidade administrativa. O fato de o hospital não fazer parte do Plano Estadual de Saúde é gravíssimo pois isso quer dizer que não há orçamento previsto para esta unidade de referência, em todo o governo de Silval Barbosa, que acaba só em 2014. O que fazer com pessoas que ficam 24 horas internadas, numa média de 20 a 40 dias?”, questiona a FISM.
 
Antônia é funcionária desde 2007. Em todos esses anos, ela diz que pouca coisa melhorou desde que as OSSs começaram a fazer parte da administração estadual da saúde. Antônia – que não se identificou por temer perseguição – reclama da falta de estrutura e de médicos dizendo que, em várias oportunidades, inclusive na última semana do mês de março, o pronto-atendimento estava fechado por não haver profissionais para atender a população.
 
“Sucateiam em nome de uma entidade privada. Cansei de ver pessoas vindas de longe, de todas as partes do Estado, chegar aqui, encontrar o hospital fechado e mesmo assim permanecer por horas, em frente à porta de entrada, esperando por um atendimento que não vai acontecer”, acusa ela.
 
 
Por Diego Frederici – Da redação
Fotos: Pedro Alves

Redação

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