A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde e do Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso (Sisma-MT), Alzita Leão Ormond, praticamente imposta pelo então secretário de Saúde Pedro Henry, diz que o sindicato vem acompanhando as discussões de deficiências na área, promovidas não só pelo IPAS mas para todas as OSSs, dizendo que o modelo de administração escolhido “não dá certo”.
“Desde o início, cobramos como essas empresas estão gerindo esses serviços. Ficamos tristes com a saída, pois quando você faz uma contratação espera qualidade e ela não aconteceu. É muito complicado”, diz ela.
Para Alzita, o grande prejudicado pela escolha de políticas públicas equivocadas é o povo. “Temos de refazer um trabalho não realizado pela OSS. Mesmo com os problemas acarretados a funcionários da saúde, que sofreram ao longo do tempo muitos casos de assédio moral, o grande prejudicado é o usuário, é a população”, afirma.
O Circuito Mato Grosso acompanhou de perto administração de qualidade questionável que o IPAS e as demais OSSs fazem no Estado, empurrados goela abaixo pelo governo estadual.
Extremamente combatidas por servidores públicos e por setores organizados da sociedade, as OSSs demonstraram no primeiro ano de gestão dos hospitais públicos de Mato Grosso que representam um golpe mortal no Sistema Único de Saúde (SUS) e um rombo sem precedentes nos cofres do Governo.
Pagamento de despesas sem comprovação documental dos serviços prestados é a principal de uma dezena de irregularidades gravíssimas e grosseiras praticadas pelas OSSs e constatadas pelo TCE ao analisar as contas de gestão do Fundo Estadual de Saúde referentes a 2012.
Os responsáveis diretos pelas irregularidades e que estão sendo obrigados a devolver em torno de R$ 8 milhões aos cofres públicos são os médicos e ex-secretários de Saúde de Mato Grosso Pedro Henry (que já cumpre pena por envolvimento no escândalo do mensalão) e Vander Fernandes.
Ainda assim, o governador Silval Barbosa mantém contratos milionários – pelo menos R$ 200 milhões por ano – sem qualquer controle de sua aplicação. Na outra ponta, milhares de usuários do SUS na humilhante peregrinação por assistência à saúde. Para muitos, a morte chega antes do socorro.
O IPAS foi alvo do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Uma das investigações do órgão dava conta de gastos aproximados de R$ 2,5 milhões com passagens e hospedagens sem a devida comprovação do serviço. As OSSs não apresentaram informações mínimas para a comprovação da efetiva realização do serviço como identificação dos passageiros, sua função ou vínculo com hospital, objetivo da viagem, solicitante e responsável pela autorização.
O IPAS também não atestou gastos com adiantamentos, diárias, hospedagens e passagens aéreas no valor de R$ 356 mil na gestão do Hospital Metropolitano de Várzea Grande, da Central Estadual de Abastecimento de Insumos de Saúde (CEADIS) e dos Hospitais Regionais de Colíder, Alta Floresta e Sorriso.