O secretário de Estado de Fazenda, Rogério Gallo, tornou a reafirmar a posição do governo em relação a greve dos caminhoneiros, que já atinge seu oitavo dia e tem paralisado as atividades em diversos setores em todo o estado. Para Gallo, Mato Grosso não tem condições de arcar com as consequências das ações do governo federal.
“Nós não podemos oferecer algo que não vai resolver o problema”, afirmou o secretário. “O governo tem condições de exonerar a PIS e Cofins, mas o ministro da Fazenda estava pretendendo, e não sei qual é o encaminhamento que ele vai dar agora, desonerar a folha de pagamento em compensação, para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Se os estados fizerem isso em relação ao ICMS, como que o estado vai compensar?”, questionou Gallo.
Ainda, o secretário de Fazenda reforçou as afirmações do governador Pedro Taques, que afirmou que Mato Grosso não fez reajuste no valor do ICMS e, portanto, não pode nem deve fazer a redução pedida pelos manifestantes.
“Não houve aumento de impostos pelos estados. Então o aumento que está ocorrendo lá na bomba da gasolina e do óleo diesel não é responsabilidade dos estados. A alíquota continua exatamente a mesma e já há muito tempo”, afirmou.
Gallo destacou que a cada 1 ponto percentual reduzido pelo estado no preço dos combustíveis implica em cerca de R$100 milhões a menos na arrecadação do estado. “Só para se ter uma ideia, o nosso custeio, onde a gente paga hospitais, locações de veículos, combustível que é utilizado pelo transporte escolar e nossas viaturas, a gente paga cerca R$120 milhões por mês. Se abaixarmos 1 ponto no combustível, nós vamos praticamente tirar todo o custeio da máquina pública de mato grosso”, ponderou o secretário.
“O que estou a dizer é que a solução para este problema que levou à essa greve não está com os estados. O governo federal é quem criou o problema e quem deve dar a solução na política de preços da Petrobras, que não pode ficar oscilando o preço do diesel. A Petrobras não pode dar dinheiro para seus investidores colocando nas costas de todos os brasileiros e dos estados”, finalizou.
Na semana passada, durante o Fórum dos governadores do bloco Brasil Central, Taques já havia criticado o governo federal em relação à condução das negociações da greve. Ainda, se manifestrou contra a forma com que a política de preços da Petrobras é gerida e alfinetou o governo federal ao dizer que os estados não podem pagar a conta de um erro da União.
“Nós estamos sofrendo uma consequência da condução equivocada da política macroeconômica da União em períodos passados”, afirmou o governador na ocasião.
No sábado (26), Taques, que cumpria agenda no interior de Mato Grosso, decretou estado de emergência em razão do desabastecimento nos municípios, acarretados pela greve dos caminhoneiros. Entre as medidas, anunciadas por meio do documento, está a utilização de forças de segurança do estado para a escolta de caminhões-tanque, transportadores de gás e outros produtos considerados ‘de primeira necessidade’, para atender a população.
Também foi criado o Comitê de Crise no Gabinete do Governo, que se reuniu neste domingo (27) para pensar medidas preventivas ou reparadoras, visando a garantia da manutenção dos serviços. Segundo o governo, a principal preocupação, em Cuiabá e Várzea Grande, é com relação ao funcionamento normal das unidades de saúde, principalmente os Pronto-Socorros.
Nesta segunda-feira (28), diversos serviços públicos foram suspensos em decorrência da falta de abastecimento, que acarreta problemas para todo o Estado.